O ESPECTRO DA MORTE

Assombra a todos

A morte

Como hipótese da vida,

Como adiado

E inevitável futuro

Que corrói os dias

E vaidades.

Diante dela

Não há realidade

Capaz de sustentar

Um único fato

Uma única linha

De humanidade.

NOSTALGIA

A vida ficou perdida

Em meus tantos passados

Como uma lembrança antiga

E feliz de infância.

A  vida ficou presa

Em fotografias

De dias de sol e gloria

Enquanto vazios

Me cresciam por dentro

Como uma quase morte...

SUCATA

Não passo agora

De simples sucata

De mim mesmo,

Um resto de passados

Sem qualquer futuro

A rolar pelo tempo

A espera do alivio

De qualquer silêncio.

PRAGMATISMO

Os limites da existência

Desbotam a vida,

Empalidecem a vontade,

Que rota

Precariamente sustenta-me

Os dias.

Afinal,

Se nada é para sempre

Do que vale o agora?

O que nos oferece

De substancial

A existência?

Talvez nada disso

Importe.

Viver é pura e simplesmente

Um fato indiferente à filosofia.

ULTIMO MOMENTO

O resto da minha vida

Anuncia-se impreciso

E abstrato

Através de virtuais

Imagens

De futuros possíveis.

Talvez , entretanto,

O amanhã

Nunca chegue.

Mas o futuro esta ali!

Bem ao alcance das mãos!

Sim, o futuro...

E de repente...

Mais nada.

A VIDA É APENAS ISSO

A VIDA É APENAS ISSO... UM PROVISÓRIO AGORA QUE SE ESGOTA AOS POUCOS... UM GRITO ROUCO QUE NOS DESFAZ NO TEMPO E ESPAÇO DE ESTAR AQUI ATÉ A INDIFERENÇA DO DESAPARECIMENTO. A VIDA É APENAS ISSO....

NOTA SOBRE A A INQUIETUDE DA MORTE E A FALACIA RELIGIOSA

Religião ou filosofia alguma é capaz de nos fazer lidar naturalmente com o fato concreto da morte. O conforto de nenhuma mentira é maior do que a crueza do fenômeno e seus efeitos  psicológicos  e afetivos. Sabe muito quem vive que convive com a memória de um ente querido já desaparecido.

Independente disso, a maioria das pessoas insiste em negar a morte, transforma-la em alguma ilusão de pós vida em lugar de perpétuo desaparecimento e silêncio...