segunda-feira, 11 de março de 2019

SOBRE NOSSAS MAIS INTIMAS INQUIETAÇÕES


Somos constantemente coagidos por nossas expectativas de realidade, pela necessidade de construção de uma persona social, a reproduzir um comportamento padrão. 

Nos adaptamos as representações coletivas da vida a revelia da experiência concreta de viver. Trata-se de uma questão de sobrevivência. Cada um deve encontrar seu lugar na realidade que a todos nós se apresenta cotidianamente como um fato social. 

Mas mesmo quando nos conformamos a elas, as coações coletivas geram ansiedades e inquietações. Algo dentro de nós quer ir além do jogo social. Algo que sabe que a vida é também o desejo, o grito, a passionalidade que nos afeta, que nos chama sempre de novo para experiência concreta de viver uma vida plena. Seja lá o que isso for.

Por isso há tantos rituais lúdicos que nos arrancam temporária e regradamente da realidade. Festas, shows, cinema, gastronomia, etc... Mas nada disso é suficiente. Permanecemos com a impressão ou intuição de que a vida esta em qualquer coisa ausente de nosso modo de viver. Algo nos falta e na sua condição de ausente  nos preenche de vontades abstratas. Este algo é indeterminado e fugidio e espalha um embriagante cheiro de delírio. Trata-se do caos que a margem da vida possível define em segredo o grande absurdo da nossa vã existência.

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