quinta-feira, 24 de outubro de 2013

QUASE ADEUS

Talvez a morte
Cale o tempo
E desfaça
Todo fato consumado.

Talvez eu me desfaça
Dos meus caminhos
E me esconda de vez
Na mudez do álbum de retrato.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

MEMÓRIAS MORTAS

Faz alguns anos
Que estive vivo,
Que me senti infinito
No sentimento alegre
Das coisas.
Faz muito tempo
Que existi
Entre as pessoas,
Que construí alegrias
E lembranças.
Faz muito tempo
Que me perdi
Da existência dos outros...

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

O GRANDE VAZIO

O vazio da verdade,
O vazio da linguagem
E do interprete.

O vazio do silêncio,
A agonia do sujeito,
Do Eu desfeito
Entre as ruinas do Ser.

O vazio,
Pura e simplesmente,
Onde meu nome some
No anonimato do rosto
Enterrado em multidões...

POSTERIDADE

Somos todos
Prisioneiros
Do olhar do outro,
Pouco importa
Aquilo que deveras
Nos define o intimo...

Por isso
Viver é uma forma
De se construir
A própria morte,
A forma como
Seremos esquecidos
Ou lembrados.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

ALÉM DE TODO ANIVERSÁRIO



O dia do meu nascimento
Perdeu-se no tempo;
Muitos que o celebravam
Hoje estão mortos
E aqueles poucos
Que dele se lembram
Já não me reconhecem mais.
Vivo do beber o futuro
Para embriagar passados
Até  o porre definitivo
De toda idéia de aniversário...

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O DRAMA DO MORIBUNDO

Calado e sem perspectivas
Ele seguia sereno
Em direção ao nada
Na prisão daquele leito.
Não construía falsas esperanças,
Não aguardava a visita
De qualquer amigo.

Apenas abraçava sua dor
Deitado em sua solidão
Divorciando-se da existência.

O passado pesava tanto nos olhos
Que nem percebia
Que o futuro
Fazia as malas
No quarto ao lado
E que o silêncio
Adentrava a sala...

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

ULTIMA IDADE



Todos os bons momentos
Morreram com o passado
Enquanto o futuro
Parece ficar
Cada vez mais distante.
É o presente feito apenas
Do significado das coisas perdidas
E vividas que contemplo frágil
Enquanto minha sombra
Geme e cresce.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

MORRENDO

A melancolia daquela noite
Doía nos ossos.
Sabia que estava agora
Diante de meu mais intimo
FIM...
As horas jamais pareceram
Tão escuras.
Mas nada havia a fazer
A não ser esperar
E esperar
Pelo ultimo suspiro
Da minha agonia....


A MORTE E AS MORTES

A morte é coisa indeterminada.
Afinal, 

Pode-se dizer  que a melancolia,
O silêncio,

A saudade
E todas as variações abstratas da dor
São em si uma espécie de morte.


As vezes vivemos tão alheios
A vida
Que habitamos qualquer virtual
Modalidade de morrer.


Sim, há mais mortes possíveis
Do que aquela que nos desfaz
Da realidade...