quinta-feira, 31 de julho de 2014

ALÉM DO MEDO

Não temo a morte
E muito menos minha sorte.
Apenas envelheço.


Passam por mim pessoas,
Cidades, discursos
E crises
Enquanto em meus sonhos
Escureço.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

AFORISMA SOBRE A VELHICE

Tenho medo quando o passado parece mais vivo no quarto ao lado, enquanto o presente se faz aqui dentro tão distraído e distante quanto o mais remoto futuro que já não me espera. Percebo, assim, o quanto o amanhã para mim já quase não existe.

O DIZER DA MORTE

O tempo nos rouba os horizontes das liberdades abertas.
Impõe incertezas contra as razões de ser
Limitando a imaginação e o querer.
O tempo fala o progressivo declínio do corpo
Que nos fundamenta a existência.
Contra ele inventamos histórias e narrativas
Para afirmar a vida
Que não resiste as falas da morte.

terça-feira, 29 de julho de 2014

ÚLTIMO MOMENTO

O derradeiro pensamento
De um moribundo
Já é absoluto silêncio,
Pois se cala
Sem conclusões
Ou lembranças
Na inconsciência
Do seu próprio fim.


É simples desaparecimento
que transforma em  ilusão
tudo aquilo que de tão vivido
Já se perdeu.

PERENIDADE

Diante da morte
A vida se torna
Um desafio constante
Contra a perenidade
De todos os nossos atos.

Somos definidos por nossa finitude
E todo futuro possível
É insuficiente
Para realizar plenamente
Uma única vida humana.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

SEMENTES DE DESESPERO

Ainda pequeno
Ganhei da vida
Algumas pequenas sementes
De desespero.

Espalhei-as pelo chão dos meus sonhos
Para que  brotassem fortes
Contra qualquer ilusão
De felicidade.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

VIDA E INCERTEZA

Assustadoramente não possuímos qualquer segurança em relação à existência.

Podemos repentinamente morrer pelo aleatório e ocasional somatório de pequenos eventos sobre as quais não temos qualquer controle.

Tudo simplesmente acontece, sem justificativas ou finalidades.
Morrer é absolutamente banal...

A constatação do fato nos coloca diante do absurdo da vida e da fragilidade da própria condição humana. Mas isso não significa absolutamente nada.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

LEMBRANDO MEUS MORTOS

Gritam dentro de mim
O silêncio dos meus mortos
Na primária solidão do meus eus
Enterrados em afetos feridos.

Quantos vazios são feitos
De boas lembranças!
Quantas pequenas agonias
Tumultuam a tarde morna
Enquanto recordo
Dias felizes
Que não voltam mais!
Povoado de ausências
Quero beber o tempo,
Embriagar-me de lembranças,
Até que essa falta,
Essa vontade,
Desista de doer.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

IMEDIATISMO LÍRICO

Brindaremos
Ao mundo, a vida
E a incerteza.
Pois do amanhã
Ninguém sabe.


Os copos poderão estar vazios,
As bocas amargas
E as vontades quebradas.


Brindaremos ao momento,
Ao aqui e agora que nos sustenta
Sem pensar no futuro
Que nos fará ausentes.

MORTE SURREALISTA

Leiam nas entrelinhas do horizonte
A fatalidade do meu destino.
Viverei como me for possível
Até morrer esquisito,
Esquecido e sozinho
Contemplando as estrelas
No fundo de algum buraco.

domingo, 6 de julho de 2014

AFORISMA SOBRE AS POSSIBILIDADES DA VIDA

Na maior parte do tempo desperdiçado em simples cotidiano, a vida passa pela gente muda. Não sabemos todas as possibilidades de cada pequeno momento, o infinito de hipóteses e possibilidades que morrem em cada instante.

A vida jamais será uma linha reta. Tal alegoria apenas define a morte....

sábado, 5 de julho de 2014

DEPOIS QUE A DOR MORREU

Tudo ficou pior depois que a dor morreu.
Pois ela deixou o vazio escrito no cotidiano,
um sentimento desfeito no absoluto da ausência
que redefinia o futuro.
A perda se estabeleceu,
criou raizes
e me deixou atônico
com noso passado engasgado no peito.
Tudo ficou pior depois que a dor morreu.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

MORTE

A morte define o tempo,
Transforma pensamentos e atos
Em nada,
Apaga tudo aquilo que somos
Ou fomos.


A morte não negocia,
Põe fim a toda esperança
E apaga qualquer perspectiva.


A morte é definitiva...