segunda-feira, 29 de setembro de 2014

INACABAMENTO

A morte

existe em tudo aquilo

que fica por ser feito.

Ela está
 
Nos começos inacabados,
 
Nas portas mal fechadas,
 
E em todas as coisas mal resolvidas,

Que consagramos as nossas limitações.
 
Faz parte da morte tudo que deixamos para trás.

 
 
 


quarta-feira, 24 de setembro de 2014

A MORTE COMO REVOLTA

A morte é um ato social. O que ela tem de pessoal é a simples dissolvição de si mesmo frente ao totalitarismo biológico que pela existência nos foi imposto pelo absoluto de nossa condição de mamíferos, de animais, que nesse triste universo  são menos que amebas.


A morte, em sua selvageria irracional e nulidade de significações, é a maior inimiga da sociedade, dos ritos fúnebres que buscam calar sseu escárnio contra tudo aquilo que achamos que somos, que acreditamos possível, até as raias do delírio, de uma vida após a morte.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

A S PLURALIDADES DA MORTE E A FALTA DE SENTIDO DA VIDA

Entre as mortes  diárias da vida
E o absoluto silencio de morrer
Existimos sem saber destinos,
Oscilamos aleatóriamente
Entre a vontade  e os fatos,
Buscando encontrar
Qualquer sucesso
Que nos justifique
Nosso acontecer sem prévio

E definitivo sentido.

sábado, 20 de setembro de 2014

VIDA E MORTE

Tudo que sei é que a morte não define a vida.
Mas a vida nos define a morte.
Pois viver é o aprendizado de nossos limites,
De nossos silêncios,
De nossas fraquezas
E, talvez,
Da força de qualquer riso
Que nos cale o absoluto

Da angustia.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

A MORTE COMO CERTEZA

Se a morte é a única certeza e  consequência do existir  da gente,
Me pergunto qual o lugar da vida em meio a este conjunto quase infinito de  incertezas que definem a condição humana..

Eis aqui uma questão que nenhuma filosofia ou religião do mundo responde de maneira satisfatória ou definitiva.

Apenas nos resta seguir pela sucessão de dias e   noites sem o conforto de um mínimo alívio de consciência.

O PROVISÓRIO DE EXISTIR

Morremos a cada dia.
Desfalecemos a cada realização.
Nos desfazemos em cansaços e renovações.
O futuro jamai chegará.
Tememos apenas o dia seguinte.

Mas seguimos  em frente...
O mundo é maior
Que qualquer vida
Que a gente viva.
Nos contentamos com

O provisório de existir.

TEMPO PESSOAL

Não acredito em relógios.
O tempo é sempre indeterminado e efêmero
nas infinitas variações de um só momento
estendido entre o nascimento e a morte.
Não importam as mudanças, os fatos,
Viver é um sentir de coisas
Que não varia,
Que se perpetua até perder-se
De si mesmo
No desfalecer do corpo
Que o sustenta.
Viver é um sentimento das coisas
Que não cabe em qualquer

Definição de vida.

domingo, 14 de setembro de 2014

O TEMPO DOS MORTOS

O passado é de muitas maneiras
O tempo dos mortos.
O presente é onde ouvimos seus ecos,
Onde nos fazemos nas ausências
E eranças daqueles que nos deixaram.
Nosso futuro será sempre feito
De nossos mortos

E de nossos passados.

O TÉDIO DO DIA SEGUINTE

Quantas manhãs preuiçosas e provisórias
Já passaram ´por mim ao longo dos anos?
Não me recordo da maioria delas.
Poucas me serviram para recomeçar
Qualquer coisa.

Via de regra
Elas inauguram apenas
O massante de  mais um dia
Na reedição de velhos problemas.
Apenas medem
O tamanho do meu cansaço

E do meu sentimento de quase morte.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

QUASE VIDA





Não sei se morro aos poucos
Ou se nunca vivi a vida.
Meu passado é tão pouco
Que não sustenta futuros.
O agora esta quase todo lá fora
E muito pouco
Aqui dentro
No absurdo de existir

Aqui e agora.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

PÓS VIDA


Tenho medo da morte.
Mas mais medo, ainda,
da hipótese metafísica
de uma vida depois da morte.
Perpetuar pela eternidade
minha existência
é o mais terrível
dentre todos os pesadelos.