domingo, 30 de novembro de 2014

MORRER

Não venham me dizer que viver é sublime,
Que o mundo faz sentido
E outras idiotices do tipo:
“O importante é ser feliz.”
Não me venham com qualquer porra
De salvação ou sucesso.
Nada do que eu faça
Mudará minha morte.
Morrer é tudo que nos faz a vida.


sábado, 29 de novembro de 2014

POEMA BANAL

A vida, afinal,
É apenas isso:
O  passado,
O agora
E o imponderável do nada.
O melhor a fazer
É aproveitar o instante
Antes que o passsar das coisas
Nos leve embora.


terça-feira, 25 de novembro de 2014

O TEMPO E A MORTE

O tempo é aquilo que existe entre a natureza e a condição humana,
É uma presença que nos impõe a degeneração gradativa de nossa singularidade.

O tempo não nos oferece a experiência do passar das coisas,
O que ele realmente nos coloca é a angustiante consciência
Da incerteza das coisas.



segunda-feira, 17 de novembro de 2014

ALÉM DA PAZ

A paz sempre será
Um falso privilégio
Do qual apenas os mortos
Se beneficiam.

Aos vivos,
Restará sempre
A intensa incerteza
Do movimento do tempo.

Por isso
Eu nunca desejo a paz....

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

VIAGEM

Talvez a vida
Um dia se faça
Qualquer coisa a mais
Do que este enfadonho cotidiano.
Talvez eu me roube uns trocados
Para pagar a passagem do abismo
Que me levará ao não destino
Do vazio de significados de todas as coisas;


quarta-feira, 12 de novembro de 2014

O FIM DA HISTÓRIA

O tempo já não é mais linear,
Nem diz mais  o eterno retorno.
É apenas um presente estendido
Entre o que foi perdido
E o tédio do porvir.
O resto é a morte
E as perdas e desilusões

De cada dia.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

O VAZIO DAS HORAS

Há horas em que palavras e pensamentos se desentendem e rasgam silêncios dentro da gente,
Nas quais nos surpreendemos tão carentes de nós mesmos, que a vida perde todas as suas cores, e nos deparamos com o preto e branco que define o nosso mais elementar e intimo cotidiano.
Nestas horas desistimos do pensamento, percebemos o relativo valor de todas as coisas e nos deixamos levar pela avalanche invisível do passar do tempo.

A vida, Ás vezes, revela-se uma coisa estúpida.

MORRER COM ESTILO

Não buscarei jamais uma vida perfeita.
Não quero fazer família,
Ser entorpecido pelo telejornal
Ou perder horas na internet.

Prefiro viver intensamente
As dores dos meus desejos
E, quem sabe, morrer bem cedo
Com um sorriso engasgado

No rosto.

MORTE COTIDIANA

Vivi resignadamente todas as mortes que me foram impostas pelo simples acontecer da vida e do tempo.

Vivi sem reclamar. Muitas vezes, até mesmo sem notar, as perdas e vazios que a trama dos acontecimentos corriqueiros mansamente impunham ao meu fluido cotidiano.

Percebi, assim, o quanto a  morte é um ato diário, o verdadeiro ofício da vida.

  

terça-feira, 4 de novembro de 2014

SONO E VIDA

No fundo viver
É apenas dormir um pouco
E acordar para daqui
Mais um pouco
Dormir de novo.
Tudo aquilo que acontece
Entre um sono e outro
É um sonho mal feito
Que define nossa consciência
Do simples e aleatório
Acontecer do mundo.

Pois viver  nos escapa e pouco define.