quarta-feira, 29 de junho de 2016

SOBRE EXISTIR PARA A MORTE

A existência é uma totalidade imperfeita que se fecha sobre si mesma. Não podemos conceber o não existir de hipotéticas pessoas que não nasceram, tanto quanto não podemos conceber algo posterior a existência de cada um de nós que não seja, de algum modo, também  Existência. O fim da vida, portanto, escapa a reflexão. O que nos assombra, porém, é a precariedade da própria existência, seu caráter provisório contraria todas as expectativas inerentes à compulsão irracional que nos funda a existência na concretude do acontecer físico. A morte para os seres humanos só pode ser experimentada como um absurdo. Somos invadidos por uma profunda perplexidade  quando confrontados com a constatação pura e simples de  que todo o esforço constante de se perpetuar diariamente como organismo vivo tem como melancólico resultado sua própria falência.



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