A existência é uma totalidade
imperfeita que se fecha sobre si mesma. Não podemos conceber o não existir de hipotéticas
pessoas que não nasceram, tanto quanto não podemos conceber algo posterior a
existência de cada um de nós que não seja, de algum modo, também Existência. O fim da vida, portanto, escapa a
reflexão. O que nos assombra, porém, é a precariedade da própria existência,
seu caráter provisório contraria todas as expectativas inerentes à compulsão
irracional que nos funda a existência na concretude do acontecer físico. A
morte para os seres humanos só pode ser experimentada como um absurdo. Somos
invadidos por uma profunda perplexidade quando confrontados com a constatação pura e
simples de que todo o esforço constante
de se perpetuar diariamente como organismo vivo tem como melancólico resultado
sua própria falência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário