segunda-feira, 30 de setembro de 2019

A CERTEZA DA MORTE


A vida não busca o eterno,
Mas se conforma a finitude.
A morte está escrita em nossas células.

Morrer é  a finalidade da vida,
Para que a própria vida se perpetue.

Não  importa sua crença
Ou sua atitude.
O corpo degrada com o tempo.
Viver é morrer aos poucos.

Tenho inveja dos não  nascidos.
Existir é a pior forma de não  ser.



sexta-feira, 27 de setembro de 2019

CORPO E LUTO




O corpo prostrado e  prostinado
Abriga a perda do outro.

Tudo turva.
Há silêncio,
Dor e memória.
O corpo vivo que chora
Participa do corpo inerte
Na onipresença  da finitude.

Afinal, a morte é o absurdo desvelado,
Indomesticável,
Que alucina e apavora.

Não há realidade além do corpo
Quando a vida traduz a morte
E os dias desabam.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

ENTRE A NOITE E A MORTE


A noite tem gosto de norma,
De poder, moral e de caos.

A morte tem gosto de lei,
Punição abissal, arbítrio,
Guerra, ódio policial e higiene social.

A noite tem gosto de podre,
De absurdo e abuso banal.

A morte é o sonho do ódio.
A noite é o pesadelo dos sóbrios.

Não há nenhum dia no horizonte.
Nenhum futuro em nosso presente.
Apenas seguimos entre a noite e a morte.


segunda-feira, 16 de setembro de 2019

MORTE E REVOLTA

Não  é  possível dizer a morte.
Ela não  é  um conceito,
Algo que caiba na palavra "morte".
Falar sobre morte é  questionar a vida,
Uma forma de transgressão,
De superação da domesticação do nada.
É  um ato de protesto,
Revolta e melancolia,
Contra o estado atual de miséria
De nossa existência
Em um mundo de mortos vivos.

MORTE E REVOLUÇÃO

A absoluta liberdade da morte,
Da inexistência,
Nos priva das mazelas do mundo.
Mas é  a vida que queremos
Contra uma existência de morte,
De provações, privações e absurdos.
É  com a vida que compartilhamos
Nosso desejo de liberdade,
Nossa absurda  necessidade de mudar o mundo.
Que a morte nos seja sempre
O último recurso.

domingo, 15 de setembro de 2019

DESAPARECIMENTO E ESQUECIMENTO

O Desaparecimento é um destino universal. Sua consequência direta é  o esquecimento. Mas esquecimento do que? Durante nossa presença  no mundo quase não  somos percebidos. Seguimos nos dias  engolidos pela multidão  de rostos e pela banalidade da existência.

Vivemos como um grão  de areia. No final das contas, nosso desaparecimento quase não  é  notado. A vida sempre segue sem tempo tanto para os vivos quanto para os mortos. A existência é  indiferente ao nosso existir.

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

NO PRINCÍPIO



No princípio tudo era imagem,
Pré linguagem e afeto
Na experiência do mundo.
Um mundo onde a consciência
Estava contida de forma indiferenciada.

No inicio eramos todos uterinos,
Unos e em estado de Nada
Dispersos no absoluto do puro desejo.
Morremos ao nascer....


terça-feira, 10 de setembro de 2019

LÁGRIMA




Não há dizer algum na lagrima.
Nenhuma dor.
O sofrimento esta em outra parte,
Onde não há nada,
Onde o vazio fala,
Uma multiplicidade de coisas soltas.

A lágrima é o que foge
A quem sofre.


segunda-feira, 9 de setembro de 2019

AOS QUE SE APAIXONAM PELA VIDA

Aqueles que amam a vida incondicionalmente negam a existência em toda sua complexidade.
Não  aceitam o trágico, o imprevisível e a incerteza, como inalienáveis premissas de nossa triste humanidade.
Preferem a ofuscação do sol de qualquer questionável  verdade.
Nada aprendem com a banalidade da morte. Seguem sonâmbulos  no sonho é na ilusão  de uma  inatingível  felicidade.

domingo, 8 de setembro de 2019

A VIDA NÃO É TUDO

A vida é nada.
Um dia ela termina
E o mundo continua.


A vida é  só  um acidente,
Um sonho que se consome
Na fantasia da consciência.


Consumado o instante
A existência se vai
Num piscar de olhos
No silêncio do corpo
E no fugir de tudo.