domingo, 28 de junho de 2020

A MORTE QUE SOMOS NÓS

A morte nos habita.
Seja como metáfora, 
Como doença,
Ou como cura.

A morte é a nossa saúde, 
Nosso diário suicídio coletivo,
Nosso modo de vida,
Nosso amor,
Nossa felicidade impossível.

A morte é nossa busca,
Nosso segredo,
Nossa verdade oculta.

sexta-feira, 26 de junho de 2020

A ANGUSTIA

A felicidade é efêmera,
Quase insignificante.
É coisa que virá passado,
Esquecimento.
Apenas a angústia
É um acontecimento permanente
Que transforma a vida da gente
E define quem somos,
Como nos transfornamos,
Morrendo aos poucos,
Na vitalidade da angústia 
Que nos inventa. 

segunda-feira, 22 de junho de 2020

QUASE MORTO

São  tantas as mortes que me habitam,
Tantos silêncios que me definem,
Que a vida já não vale um dia de sol,
Não justifica qualquer esforço 
Ou sentimento de mundo.
Sei as rotinas de um quase morto,
De alguém que existe no limite de si mesmo 
Adivinhando o abismo do tempo.

sábado, 20 de junho de 2020

MORTE DIÁRIA

Todos os dias eu tenho morrido um pouco sofrendo desta suprema doença chamada vida.
A morte é a grande obra da minha existência quase ilusória no acontecer da multidão. 

terça-feira, 16 de junho de 2020

MORTE EM TEMPOS DE PESTE

A morte que nos visita
Em tempo de peste
É quase invisivel.

É uma morte solitária,
Vazia de cotidiano.
Uma morte coletiva 
Sem tempo de luto.

É uma morte que não tem número,
Que ultrapassa estatísticas,
Que soma rostos borrados 
Em covas coletivas.

É uma morte onipresente, 
Circulante,
Imprevisível.

Em tempos de peste
A morte frequenta
Nossa própria sombra.

sexta-feira, 12 de junho de 2020

MORTE E ARCAISMO

Qualquer coisa velha e morta
Me define o futuro,
Qualquer limite,
Qualquer angústia.

A vida é prisioneira do antigo
E apodrece em mim
No aborto do novo
Entre mil arcaísmos. 

Nosso tempo é a morte.