terça-feira, 27 de outubro de 2020

NADIFICAR

Não  quero ser parte  de coisa alguma.
Quero viver meu nada,
Meu silêncio,
Até  que a morte amanheça 
Contra a ilusão 
De toda realidade.

A VIDA QUE RESTA

 


A vida que ainda me resta

 já não acontece,

não cria.

Se mantém estática

e isolada

dentro de uma bolha

de melancolia.

Quase não  cabe na minha 

existência

Ou sabe no tempo

A intensidade dos dias.




segunda-feira, 26 de outubro de 2020

DÚVIDA

Não  sei mais a fronteira entre o mundo dos vivos e dos mortos.
Surpreendo-me fora,de tudo quando respiro.
Quase não  sei se existo
Na falta infinita dos que já  "partiram"
Me aabandonando ao vazio de mim mesmo
Inventando o passado dos meus futuros.

domingo, 25 de outubro de 2020

O TEMPO E O MUNDO

Haverá sempre um antes e depois de mim.
Um mundo que sabe um tempo
Que não me cabe na vida,
Quê me ensina a existência 
Como um lado de fora 
Indiferente a minha presença. 

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

O FUTURO

O futuro nunca acontece.
Ele nos escapa
Na interdição  do ato.

O futuro não  é  o dia seguinte,
Mas aquilo que sempre anuncia 
O nada ou o inatingível.
O futuro foge,
É silêncio 
Contra todo passado
Que grita....
O futuro é  a morte.



segunda-feira, 19 de outubro de 2020

O PROFETA PROFANO

Espero através da breve eternidade da minha finitude, antecipar o incerto destino do mundo.
Sou uma consciência perdida nos labirintos do futuro, na potência de um amanhã miragem que me antecipa uma grande festa.
Sei o que não é  ainda, e existirá  quando eu não for mais parte da vida.
O tempo em mim salta sobre sua própria sombra contra o fantasma do eterno.
Mil anos duram apenas um segundo.

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

EU NÃO EXISTO

 


 

Não... 

Eu não existo.

 

Existir é um atributo do mundo,

inconsciente de sua própria existência.


Existir é o nada em sua radical experiência,

pois o ser é sempre o que foge,

o que escapa.


Definitivamente,

eu não existo,

E sigo na vida

sem ser percebido.


quarta-feira, 14 de outubro de 2020

NO DIA DA MINHA MORTE

 Um dia quero ser jovem de novo,

Intenso e impossível,

Um amante e inimigo do mundo,

Um desafiador de destinos.


Quero provar outra vez

A vida entre os dentes,

Saber meu corpo como fogo vivo,

Como potência, revolta, 

Em matéria insurgente

No espaço tempo.


Talvez, isso aconteça 

No último dia da minha vida,

Na miragem de uma terra não  prometida. 

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

ANGUSTIA

 


 

Nenhum patologizante discurso sobre a angustia

há de conter ,

dizer,

este modo intenso do ser do desejo

que dilacera o sujeito,

que o reduz ao seu angustiante estado de doer,

de ficção,

de acontecer abstrato de consciência

de sua própria decomposição

frente a opressão de um fora

em agonia.


segunda-feira, 5 de outubro de 2020

A PIOR SOLIDÃO

Sinto falta das pessoas que me diziam o mundo,
A concretude da vida,
E cultivavam sua existência
Dentro da minha.

A saudade é a pior forma de solidão.