sábado, 12 de junho de 2021

MORRER DE PESTE

Morrer de peste
é um morrer diferente.
Não  é  natural
ou de acidente.
É um morrer coletivo,
anônimo,
destes que sabem os indigentes.

É um morrer precário,
um participar de catástrofe, 
que anula o rosto.

É um morrer sem alma,
solitário no abraço 
de um absurdo tosco,
coletivamente estabelecido,
por alguns concentido,
que nem mesmo cabe
na palavra tragédia. 

É um morrer pela tristeza,
pela indiferença,
pela ignorância, 
que nos contamina nas ruas
e nos anula na realização de uma impotência 
para o qual a vida
nunca saberá a cura.


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