sexta-feira, 19 de agosto de 2022

MUDANÇAS

Enquanto eu passo
e a vida fica
tudo se transforma.

O mundo nunca é o mesmo.
As dores mudam de forma
modificando desejos
que findam antes do fim do dia.


A vida fica.
Mas nunca é a mesma.
Sempre tem outro rosto
na mesma dor,
no mesmo endereço,
em outra medida.


O que importa
é não abrigar certezas.
Não se enganar com verdades,
Nem apostar em  vontades de pedra.

Existir é mera fantasia
na fabulação de  biografias.
 O mundo, sempre incerto, 
passa para conservar a vida
que protege a morte.

Amanhã não serei em outro dia
e o mundo há de desabar em mudanças.













 

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

A BANALIDADE DE MORRER

Meu objetivo é morrer sem aviso.
Dormir e esquecer a vida,
 desaparecer na memória/sonho
de um tempo compartilhado,
determinado,
e carregado de afetos
irredutíveis a ilusão dos rostos e épocas.

Dentro deste tempo, cada um de nós,
se desfaz na indiferença de um devir. 
A vida,  afinal, é pura assignificância,
onde ninguém jamais há de ser alguém.




terça-feira, 16 de agosto de 2022

OBITUÁRIO

A vida não termina.
Apenas se interrompe,
Inaugurando o inacabamento
de uma existência,
que se torna inteiramente passado,
silêncio e memória,
sem saber conclusão.
Dentro de alguns,.ela será saudade.

Depois, há de virar esquecimento,
sem despedida 
ou ilusão de partida.




DESPEDIDA

Desapareço com tudo aquilo que por mim foi vivido,
mas não deixou vestígios,
além do tempo que me devora o corpo
e me apaga do mundo.

Desapareço sem deixar lembranças
desfeito em minhas próprias memórias,
mínimo e finito na assignificância de uma vida inteira.

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

POEMA ANTI HUMANO

É natural ter asco
pela forma humana,
aversão ao rosto,
a voz,
e a arrogância bipede.

A humanidade é uma animalidade reprimida,
ferida pelo delírio moral,
pela recusa da terra em nome do céu.

O homem é um animal doente,
a mais desprezível forma de vida
Já parida pela natureza.




ONDE A EXISTÊNCIA NOS FALTA

Minha voz contém o silêncio dos mortos,
dos inacidos,
e dos que não irão crescer.

Ela carrega a angústia da vida
que não pôde ser,
o desespero de um futuro morto,
Que dentro de nós ainda grita o fogo de grandes vontades e revoluções
onde a existência nos falta.



domingo, 14 de agosto de 2022

MINHA MORTE NÃO SERÁ METAFÍSICA!

Espero morrer em casa,
 assistindo TV
e comendo pipoca.

Quero morrer sem tempo pra pensar na morte,
Morrer de morte morrida,
coberto de lembranças dos mortos da minha vida.




quarta-feira, 10 de agosto de 2022

DO INUMANO E DA MORTE

Desde sempre
a morte aconteceu em mim
além da existência e do esquecimento.

No absoluto do anti tempo
da ausência
eu soube meu corpo
reduzido a coisa
no vazio de toda experiência.
Pois eu me sabia outro,
vazio de qualquer possibilidade de mim.

A morte é a natureza sonhando,
adivinhando seu duplo
além da matéria,
provando o caos,
o anti humano de um espírito selvagem , absoluto e sem consciência.

A vida é o devir do caos,
da destruição;
é a dança de todas as coisas
em infinito conflito.

terça-feira, 9 de agosto de 2022

DO NADA AO NADA

Não importa o que você faça,
o tempo sempre passa,
tudo acaba,
enquanto a gente segue sem tempo
se perdendo entre as coisas 
e deseparecendo em qualquer nada,
que leva a outro nada,
até o fim da gente,
não vi importa o que a gente faça.

SILÊNCIO NIILISTA

Digo pouco
Porque desisti de tudo
e não acredito no mundo.

Viver é ilusão,
desconforto e necessidade.
É sempre encontrar limites,
abraçar silêncios e inconsciências.

Deixem-me em paz,
quero afogar no meu juizo
no labirinto dos meus silêncios. 


.


domingo, 7 de agosto de 2022

FINITUDE E ESQUECIMENTO

A  Verdade é  tudo o que nos escapa
e a realidade é tudo aquilo que morre.
Eis as duas fundamentais premissas de qualquer fabulação possível envolvendo o mundo. Tudo que existe perece e é saudável aprender a esquecer.

A ANTI VIDA DA VAIDADE

Existimos em um ponto nulo de tempo
onde tudo que é possível
é inútil e desprezível.

Onde toda expressão e criação possível,
de tão humana e narcisista, alcança 
o cume do ridículo e do cômico.

Todo desejo e prazer torna-se aqui inumano,
ilegível, agressivo, e indiferente ao vivido e ao vivente.
Pois o humano é a máscara pesada de narciso
onde o existente se confunde com o podre do próprio rosto,
a fé na verdade que mata o corpo.







sábado, 6 de agosto de 2022

ASSIGNIFICÂNCIA

Toda a sua vida não passa de um grande nada e nada do que você faça mudará isso.
Pois o mundo não tem sentido e todo significado é risível. Não há alma no tédio do corpo ou qualquer dignidade no fato de estar vivo.

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

ÚLTIMO MOMENTO

Achei que era cedo,
que o agora era provisório,
e que algum futuro
vomitava ainda o tempo
no quarto ao lado.

Mas eu estava enganado.
A noite desabou sobre mim
apagando o mundo,
embriagando o tempo,
e roubando a relevância dos fatos.

Era tarde demais para qualquer ilusão
de realidade ou verdade.
Já não  adiantava ter opiniões,
Postular segredos ou propor soluções.

O mundo já não era presente
e não havia mais uma existência 
iluminando meu rosto.
Nenhum destes versos eram possíveis....





quinta-feira, 4 de agosto de 2022

SAUDADE E MEMÓRIA

Um dia serei objeto da mesma saudade que hoje sofro por aqueles que se foram da minha vida.
Talvez, a saudade não seja coisa que a gente sinta, mas um estado de existência que nos revela uns nos outros, quase como um ser coletivo, composto pela memória.
No fundo somos feitos de passados e lembranças que não param de crescer ...

INEXISTIR

Um dia serei silêncio,
esquecimento,
e, talvez, lembrança.


Indiferente ao mundo,
desfeito em nada,
repousarei absoluto no anonimato da liberdade.

Nada é tudo,
quando deixamos de existir.


quarta-feira, 3 de agosto de 2022

O FIM DO MEU FUTURO

O melhor de mim virou passado e o meu futuro acabou no meio do o mundo. 
Não tenho mais tempo ou vontade de me perder nas coisas para inventar a mim mesmo.
Já é tarde.
Já foi meu tempo.


O VALOR COMO ILUSÃO MORAL

Nada tem valor. O valor é algo que projetamos nas coisas. 
É um sentimento, uma escolha, que aprendemos e nos assujeita como experiência moral.
Nada de humano realmente importa 

TUDO MORRE!

Até às estrelas morrem.
Então não me falem da vida ou do Ser.
O que há de mais elementar
no universo é a morte.
Viver é um processo de morte,
esquecimento e silêncio.
Tudo que existe é duvidoso.