segunda-feira, 24 de outubro de 2022

O VAZIO DE SER

Esvai a percepção através da descontinuidades dos atos,
da preguiça de ser e querer
até o limite de perceber
que tudo foge em permanente indeterminação,
que nada escapa ao vazio que nos preenche.

O absoluto é inconsciente e inconsistente,
como qualquer coisa que quase não existe,
assim como nós.

Amanhã não estarei mais aqui
para ser em lugar algum.

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

MORTE E LIBERDADE

Uma hora a gente fica pelo caminho.
É quando nada mais importa,
e tudo se torna nulo,
sem o capricho de um ponto final.

Morrer é livrar-se de si
e libertar-se dos outros.

BREVE QUESTIONAMENTO NIILISTA

São tempos desafiadores para aqueles que não acreditam em nada, que sabem que a sociedade, a humanidade, e toda realização humana, não passam de um grande desastre.
Um desastre que nos atormenta, que nos tortura, que não para de crescer, ao longo de uma existência totalmente sem sentido.
É justo questionar: até quando seremos reféns de nosso instintivo e inútil esforço de sobrevivência?

terça-feira, 18 de outubro de 2022

ENTRE A MORTE E A VIDA

Perder-se de si no abismo 
do próprio corpo.
Está é a mais radical
definição possível de morte.
Já a vida,
não se define.
É coisa que a gente
mal sabe se existe.
O que nos acontece
ainda não é vida.

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

TRISTEZA DE ANIVERSÁRIO

Não tenho memória do dia em que nasci.
Nenhuma lembrança do trauma do parto,
Do susto de descobrir o mundo,
Sem ser eu, sem ser gente,
sem ser nada além da nudez primeva
de um corpo- coisa.

Não tenho memória do dia
no qual fui condenado
a esta grave enfermidade que chamam de vida.

Sei que também não deixará memória
o dia da minha morte,
meu retorno feliz ao nada,
livre de todas as sortes.

Finalmente, então,
derrotarei deuses, Estados e mundos
no silêncio da morte!



quarta-feira, 12 de outubro de 2022

NUDEZ

O corpo é um saco de pele,
Cheio de carne e osso
onde tudo se comunica
e a vida acontece.

O corpo é coisa,
fluidos, energia,
Percepção e ato.

Nele não há poesia.
Apenas fome.