O passado é maior que o futuro.
Pois o tempo sempre nos falta,
escapa,
se afasta e se deixa perder
no que já deixou de ser.
O tempo, afinal, é apenas um adeus
que não para de crescer
até transbordar a existência
na absoluta afirmação do não ser.
Assim, o outro, reduzido a um corpo desfeito,
mas perpetuado pelo pálido espectro de uma lembrança,
se torna o tênue silêncio de uma ausência
que nos frequenta como uma fome
que jamais se cala,
Como um passado virtualmente vivo, que
em qualquer futuro, quase iminente,
há de nos afogar indiferente,
meio que derrepente,
Com a serenidade triste de um por de sol.
Diante do tempo que cresce ao infinito e tudo devora,
não cabe o alento de qualquer esperança.