A morte define os vivos
e viver é o avesso de ser,
é acontecer contra todo determinismo do ser.
Mas só os mortos estão livres
da prisão e do peso de ser.
Os vivos sofrem o viver
prisioneiros da ilusão do ser,
enquanto aguardam o morrer
na consumação do finito e do não ser.
Os vivos debatem-se contra toda mentira de ser e estar,
contra as falácias da alma e do espírito,
lutam contra a vontade de eternidade
e os absurdos da fé.
Os vivos estão condenados a vida.
Já não lhes basta morrer.
Só os mortos são niilistas.