sábado, 29 de junho de 2024

SOBREVIVÊNCIA

Tudo que nos importa
é nossa mera sobrevivência,
pois a todo instante
 nos foge a existência.

Somos feitos de carne e tempo.
Pouco interessa as artimanhas do pensamento,
a moral dos rebanhos,
os atos e as consequências.
Nos foge a existência.

Acima de tudo,
buscamos o imediatismo
da mera e provisória sobrevivência.
O resto não interessa.


sexta-feira, 28 de junho de 2024

POEMA PARA MINHA MORTE

Sei que meu fim
chegará sem cerimônia 
ou aviso.

Perplexa,
 a consciência sucumbirá,
sem resistência,
ao colapso de um corpo
que não mais se sustenta
como organismo vivo.

Será breve minha agonia.
Depois mais nada.
Deixarei de ser
sem despedidas
e melancolias.





terça-feira, 25 de junho de 2024

MINHA VIDA E MEUS MORTOS

Não me importam os mais velhos.
Apenas os mortos me interessam.
Pois minha vida é  definida
pela ausência dos meus mortos.

Sou seu futuro
além das ruínas de tradições caducas 
e experiências esquecidas.

A morte é inimiga da memória,
 é o vazio
que a todos nós esclarece
onde a vida não é mais presente.
 No fundo, desde sempre,
já estamos todos mortos.


sábado, 22 de junho de 2024

GERAÇÕES

O tempo passa,
as coisas mudam,
as pessoas morrem
e a vida continua.

Tudo re-acontece
de outra forma.
A existência, por hora,
não irá terminar
ao contrário  de nós
e apesar de tudo.

quinta-feira, 20 de junho de 2024

ENVELHECER

Envelhecer é aprender 
a ver a vida passar,
deixar tudo acontecer sem se comover.
É não se importar,
deixar pra lá.

Envelhecer é saber morrer,
esquecer, perder,
não ser, perdoar,
Descansar, dormir,
desaparecer, sonhar...

sexta-feira, 14 de junho de 2024

APENAS UMA NOITE


O universo é uma imensa noite,
silênciosa e fria,
onde tudo que vive
é semente de nada.

Não importa o que eu faça
enquanto
o tempo  passa.
Sempre será noite,
sempre será nada.

O universo é uma imensa noite,
silenciosa e  fria,
onde a vida não  passa de um grande nada.


segunda-feira, 3 de junho de 2024

ANTI EXISTÊNCIALISMO

Amanheci inerte e insignificante 
a sombra do meu último dia.

Aprendi que a morte é um sonho bom que nos consola
contra o irremediável limite do mais elementar dia a dia.

Vivemos na medida em que fugimos 
do mundo, do tempo e da realidade.

Toda nossa percepção das coisas
é regida pela mais ridícula vaidade.
Nada que nos define não é mentira
e nem é verdade.
Tudo é simulacro 

Amanheci a margem da minha própria existência 
contemplando o imenso abismo
que a esclarece contra todos os meus sentimentos.