domingo, 29 de dezembro de 2024

O MORRER DAS COISAS

O tempo passa,
a lembrança esfria,
e a memória morre.

O passado deságua no esquecimento.
Tudo que foi um dia
 se perde na noite fria do tempo
sem qualquer resistência ou cerimônia.


quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

NADIFICAÇÃO

A expectativa de um dia seguinte
que,em algum momento, não virá,
resume toda nossa teleológica ilusão biográfica.

Existimos para um futuro eterno
onde não viveremos.

TEMPO E MUDANÇA

Resistimos ao tempo
enquando tudo passa
e nos ultrapassa.

Resistimos,
sem qualquer esperança .
Pois tudo é cego movimento.
Tudo é mudança.

O tempo é o não ser das coisas.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

TEMPO E NOSTALGIA

Sou feito do que me lembro, 
do que me assombra, 
do que me mata.

 Sou parte do que me escapa
 e alimenta o nada 
que me devora. 

 Minha existência realiza um silêncio.
 É nostalgia e ausência
 na contramão do tempo
e de toda esperança.
Pois em cada instante 
estou sempre indo embora
na medida em que me reinvento
em cada lembrança.

A INCERTEZA DO FUTURO

O futuro morre
enquanto a gente envelhece.
Pois o amanhã é sempre inconstante
e todo dia seguinte nasce um novo futuro.
Nada será como antes, entre a sorte e a morte.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

QUEDA

Não seremos redimidos pelo trabalho,
pelo Estado, por deus ou pelo diabo.
Não haverá final feliz,
nada é a realização de um propósito.

A vida é uma morte adiada
através do tempo e do silêncio
que funda uma realidade 
cada vez mais degradada.

Todo dia e sempre de novo,
cada um de nós segue entregue
a sua própria sorte,
inventando sua própria queda
na dança da morte.



segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

FUJA!

Faça da linha uma curva.
para escrever um silêncio 
no meio da rua.
Fuja!
Não importa o porquê 
ou do quê.
Apenas fuja.

Não tende entender.
Qualquer conclusão 
seria prematura.
Fuja antes de perder,
explore qualquer hipótese 
totalmente absurda!
Contemple seu abismo,
encare sua própria morte.