segunda-feira, 31 de março de 2014

QUASE DESPEDIDA

A idade e a convalescência
Escrevem limites,
Impõem reticências.
É chegada a hora
De reaprender o próprio tempo
No desfazer-se das coisas breves
Que sustentam a perene existência.

Já não há planos
Ou futuros para reconstruir a vida.
Todas as janelas estão fechadas.
Quase nada acontece nas
Dores do meu silêncio.

quinta-feira, 27 de março de 2014

MEDO DA MORTE II

Não quero saber de suas boas e positivas palavras sobre a vida! A única definição de todas as coisas é morrer!  Não faz diferença o que você sente ou pensa sobre o pseudo significado de sua existência.  Teu ego não dura mais do que um minimo instante  de tempo de pueril existência. 
Não importa se o tempo é uma cognitiva invenção humana no sem sentido de todas as coisas.
Morrer é o silêncio no meio do caminho....

MEDO DA MORTE I

Tenho tanto medo da morte que a transformei em uma angustia, um desespero e uma revolta diante da fatalidade da perda de meus entes queridos.
Cheguei ao ponto de bradar contra todas as asneiras religiosas  que  a perplexidade diante do fato do fim de uma vida humana é tudo que importa  ao exercício do pensamento. 
Escrever, portanto, pra mim, não passa de um jogo contra  o imperativo do indefinido de um fim de minha intima consciência das coisas.
Penso! Logo morro! E isso me desespera.....

quarta-feira, 26 de março de 2014

ENTRE O EXISTIR E O VIVER

Morrer é um ato diário de simples exercício de existência.
Viver, porém, é um fenômeno raro.
Poucas pessoas vivem. A maioria apenas respira no acontecer vazio  de suas rotinas.
As vezes o mundo parece um cemitério dos vivos...

segunda-feira, 24 de março de 2014

A MELANCOLIA DE UM SORRISO

A vida é feita de silêncios
e desejos,
de ponto e virgulas 
e pontos finais
na solidão 
de um fim
de construções gramaticais e sociais
de puro silêncio do essencial das coisas
O mundo que vivo
é a simplicidade de um sorriso
que aos poucos se desfaz....

MORTE E LIBERDADE

A forma acabada da liberdade  é a morte, o nada como transcendência... 

Pois quando se faz absoluta, a liberdade também é sinônimo de nulidade...  Não há outra forma de se superar os imperativos da necessidade inerentes à condição humana sem ser através da morte. Logo, os que amam a liberdade, facilmente se enamoram da morte e lhe dedicam culto... Por outro lado a liberdade também é seu exercício através do ato criativo.

Ela oscila entre o silêncio e o grito...

sábado, 22 de março de 2014

A MORTE DO LADO DE FORA...

A morte do lado de fora da vida
espera o momento
de jogar por terra
todos os valores humanos.
Nenhuma religião ou filosofia
é capaz de domá-la,
domestica-la,
ou tornar aceitável
O trágico fato
De nossa finitude...
A morte do lado de fora da vida...

quinta-feira, 20 de março de 2014

A HORA DA MORTE



Imagino a perplexidade do último instante de vida  de qualquer pessoa.
Não me refiro ao último suspiro, mas ao último pensamento...
O ato final de consciência sob a sombra do nada,
Aquela agonia de perder-se,
De aceitar ou lutar contra a morte.


Penso naquele último desejo,
Naquela derradeira saudade
De um bom momento vivido
As margens do abismo
Do definitivo silêncio...

terça-feira, 18 de março de 2014

AUSÊNCIAS

Quando a existência
Se cala em ausências
A vida avança sozinha
Contra o futuro
E os vivos e os mortos
Dos meus passados
Habitam
Minha própria morte.

sexta-feira, 14 de março de 2014

INSIGNIFICÂNCIA

Todos os tempos somados da minha existência são insuficientes para dizer minha vida. Pois fui tão pouco nas coisas vividas, que não me reconheço até mesmo em meus mais íntimos acontecimentos.

Para além de qualquer identidade possível, aprendi apenas que tudo passa.

Que não vale ambicionar qualquer  coisa que seja, uma vez que o nada é o inicio e o fim de tudo.

Existir, definitivamente, não é lá grande coisa...  

segunda-feira, 10 de março de 2014

PARA UMA FILOSOFIA DA MORTE

"É sem qualquer terror que eu vejo a desunião das moléculas da minha existência."
- c'est sans aucune terreur que j'aperçois la désunion des molécules de mon existence.
- Marquês de Sade in: Oeuvres‎ - Página 148, de Sade - Publicado por Le Jeune
parque, 1947 - 421 páginas


O nascimento é uma morte às avessas...
O tempo todo estamos morrendo, como tudo aquilo que vive, que acontece e que existe.
No fundo tudo não passa de um arranjo mal resolvido de moléculas nesta estranha e absurda realidade que chamamos de universo.

sexta-feira, 7 de março de 2014

ELEMENTAR INCERTEZA


A incerteza de cada dia
É a premissa da morte
Enquanto constante possibilidade.
Não faça planos,
Viva...
Pois amanhã
Nunca se sabe.

domingo, 2 de março de 2014

CONTRA O TEMPO

Estou velho demais 
para brincar com o futuro.
Meu tempo
é o de reinventar passados
e desafiar a fatalidade
do simples acaso.
Afinal, não destes
que se curvam
aos imperativos do destino
ou aos pretéritos imperfeitos da morte.