domingo, 27 de abril de 2014

QUASE HUMOR NEGRO....

O progresso das ciências médicas contemporâneas proporcionaram um virtual aumento da expectativa de vida de um ser humano que nos fez esquecer o quanto nossa existência é frágil e perene e que, no fundo, não existe um tempo certo para morrer. Nada nos garante chegar a modesta idade de oitenta anos. Morrer continua sendo algo assustadoramente imprevisível.

Os partidários do culto ao corpo e dietas saudáveis podem diminuir alguns riscos de uma morte natural prematura, mas não podem fazer nada em relação ao imponderavél de simplesmente estar vivo. Como todos sabemos, acidentes acontecem...

REFLEXÕES SOBRE A DESREALIDADE

O tempo é o espaço abstrato da consciência que define a indeterminação de todas as coisas. Afinal,  a temporalidade estabelece apenas o passar das coisas, a perenidade como fundamento da vida. Estar aqui e agora é já estar perdido do instante que replicando constantemente a si mesmo se contradiz enquanto experiência.

Conceitos como o de Ser e essência são meras fantasias linguisticas para fugir a constatação obvia de que nada que existe merece o  adjetivo de real. A realidade  é uma ficção que nos sustenta a humanidade. Do ponto de vista do universo a vida seria um estranho acidente para qual a morte é a mais óbvia das conclusões. 

sábado, 26 de abril de 2014

SOMBRAS E BOEMIA

Beberei por este dia
no qual mais uma vez  os fatos
me contrariaram a realidade
e vi a face da morte
estampada  na miséria
dos meus pensamentos.
O tempo passeia lá fora
enquanto enfrento os silêncios
dos meus atos
sentado as margens de qualquer abismo.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

O DESESPERO DE MORRER

Morrerei, talvez, repentinamente,
em perplexidade diante do ponto final
dos meus atos.
Morrerei atônico e colérico
contra a absurda perenidade da vida.
Morrerei em protesto,
em agonia,
querendo reinventar tempos e memórias.
Sei que a morte não existe
sem desespero....
Religião alguma
justificará minha morte.

domingo, 13 de abril de 2014

FILOSOFIA DA ENFERMIDADE

"Estou sem animo e sem rancor, logo sem caráter. Se tivesse uma ou outra dessas características, teria reagido violentamente a mil coisas inúteis.É, portanto, uma forma de filosofia."

JEAN BAUDRILLARD in COLL MEMORIES III

A indiferença é a forma acabada da consciência das coisas.

Sentir o passar dos dias e calar vontades, um delicioso passa tempo

que nos afia o desejo.

A autoconsciência, ao contrário,

é a coexisstencia de uma permanente falta

em toda perpecpção de si mesmo.

Mas a indiferença e a autoconsciência

podem coincindir nas obscuras artes

da enfermidade...

sábado, 12 de abril de 2014

MAU ESTAR

Meu corpo está bem.
Pelo menos não há sintomas de qualquer enfermidade.
Apenas meus atos e pensamentos
se desencontram do mundo
enquanto respiro,
Enquanto sigo minha vida
insatisfeito e banal
Como todos os outros.
Meu corpo está bem
Apesar do tempo que passa,
dos desgastes e dores
Causados por algumas duras reflexões.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

A ILUSÃO DE EXISTIR

Não perderei meu tempo com a aventura de qualquer certeza.
Sei que a existência não é diferente de uma obra de ficção.
Poderia muito bem defini-la como a mais substantiva
De todas as ilusões,
Como o mais absurdo de todos os paradoxos...
Existir é, definitivamente, algo muito estranho.