domingo, 31 de agosto de 2014

SUCATA


Sei que  não passo de uma sucata de gente

Arranhando o tempo

Enquanto espero um fim repentino.

Estou além dos futuros

E vazio dos meus própros passados.

Abandonado a mim mesmo

Sob o céu aberto da vida

Apenas dialogo com o esquecimento

E com o acaso.

sábado, 30 de agosto de 2014

QUESTÕES SOBRE A VIDA E A MORTE


A morte é o caminho da vida
ou a vida é o caminho da morte?
Existe algum ser no morrer
ou a morte é o fim de toda metafísica?
Faz alguma diferença nascer
se nosso destino é o desaparecimento
e o esquecimento?
Será que existir não passa 
de uma grande perda de tempo?






sexta-feira, 22 de agosto de 2014

SEM MEDO DA MORTE


Não quero sofrer o mundo

Mais do que o necessário.

Pretendo  voltar a inexistência

Quando o corpo  quase calado

E enfermo

Silenciar minhas vontades.

 

Não temo a morte

Mais do que a vida.

Sei que morrer

É mais fácil que viver

Neste existir precário

Que me mata aos poucos

Em brandas e sucessivas  melancolias.

A VIRTUDE DO REALISMO


Respeito os que vivem,
com indiferença,

os risos,

os sonhos

E as decepções
inerentes a existência.

Que seguem 

Mansamente, através do tempo,

Sem o conforto de qualquer esperança ou ilusão.

Respeito os que sofrem

Em silêncio e se consolam

com a certeza do próprio fim 

 

domingo, 17 de agosto de 2014

O LIVRO DA VIDA

Minha existência é como um romance escrito em capítulos desencontrados.
Sou dele o autor indeciso e também seu único  e verdadeiro leitor.
Como principal personagem quase não me reconheço em algumas falas que ficaram esquecidas no inicio da narrativa e quase não percebo direito o enredo  ou o  proposito de algumas situações e argumentos.
Algumas passagens realmente me espantam, outras  justificam a própria escrita.
O fato é que o livro é minha própria existência . Começa e termina comigo.

Ninguém nunca saberá dele na íntrega....

PENSAR A MORTE


“Creio que irei morrer.

Mas o sentido de morrer não me move.

Lembro-me que morrer não deve ter sentido.

Isto de viver e morrer são classificações como as das plantas.

Que folhas ou que flores tem uma classificação?

Que vida tem a vida ou que morte a morte?

Tudo são termos onde se define.”

FERNANDO PESSOA

 

Quando penso na morte, não penso em coisa alguma.

Apenas sofro o susto de viver provisoriamente nas coisas ao ponto dos meu atos e realizações fazerem pouco sentido para mim mesmo.

Dependo da lembrança do outros para perpetuar meus fatos. Mas nunca serei eu mesmo na memório dos meus semelhantes.

A vida é um conceito defeituoso, quase um equivoco do pensamento.

É como um verso ilegível e incompleto ao final de um poema anônimo.

 

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

FILOSOFIA DA MORTE

Morrer é o acontecer selvagem do imponderável diante do qual nada absolutamente faz sentido. Pois a morte é essencialmente silêncio, vazio existencial que nos desconstrói como indivíduos. Contra cada um de nós, ela afirma a sobrevida da espécie, nos impõe a inexistência como regra  e a vida como  acidente...

terça-feira, 12 de agosto de 2014

SUBTRAÇÃO

Muitas pessoas que conheci
hoje estão mortas.
Com elas passaram as épocas
em que me reconhecia
no dia a dia do mundo,
 com elas morreram bons tempos
e ficaram lembranças
que de tão felizes
seguem subtraindo minha realidade
vivida.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

O VAZIO DO MEU FUTURO

Vejo o tempo
Passar por cima
Dos meus passados
Desfazendo tudo aquilo
Que já fui.

O futuro apresenta-se
No horizonte
Como um vazio de possibilidades.
Não espero qualquer oportunidade
De me reescrever nos dias
Nas inúteis apostas do meu querer liberto.


SILÊNCIO E FINITUDE

De repente a vida segue mutilada,
Abstrata e vaga
Na dolorosa lembrança
Daqueles que não mais existem.
Difícil lidar com o definitivo da ausência,
Com os diálogos inacabados,
com o absoluto silêncio dos nossos mortos.
Mas a vida segue

Contra todas as expectativas.