quarta-feira, 29 de outubro de 2014

MORTE

Nenhuma religião mudará minha morte.
Crença alguma transformará minha sorte.
Morrer é o fim de todas as certezas.
A morte não tem resposta.

A morte é...

terça-feira, 28 de outubro de 2014

NOVÍSSIMO SUICIDIO

Decidi  viver em meu próprio mundo, alheio ao tumulto das multidões, aos silêncios dos rostos que decoram os dias, as ideias em moda e todas as formas de solidão e orgia.

Habitarei meus desertos e ruínas, apunhalarei pelas costas minha própria companhia, quebrando o espelho em que miro e compartilho ilusões de progresso.


Inventarei qualquer inédita e revolucionária forma de suicídio, inspirada pelo mais radical surrealismo.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

A MORTE E A IMAGINAÇÃO

A morte  habita a imaginação dos vivos.
Não como ausência absoluta,
Ou simples inconsciência de tudo.

Mas como sentimento de ausências,
De limitações e incompletudes
Que sustentam nossas imaginações dispersas

Entre o cotidiano de nossas necessidades.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

O FIM


E a noite, desesperada,
Sufocou o sonho
Que abrigava o sol.
Nada sobrou das esperanças,
Das possibilidades de dias seguintes.
Foi apenas o fim.
Breve e sem sentido.

Nada mais do que isso.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

O TEMPO E A MORTE

Enquanto o tempo passa
Certas coisas vão se calando
Dentro da gente
Até o ponto
Em que nos tornamos
Nosso próprio silêncio,
Em que já não nos resta
Outra escolha
Além do ofício

De nossa intima desconstrução.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

EPITÁFIO

Agora vivo apenas
Dos restos das minhas vontades,
Das sobras das imaginações.
Perdi todos os objetivos
No apodrecido do meu passado,
Esqueci os dias felizes.
Mas de nada me arrependi.
A vida foi apenas

Aquilo que tinha que ser.

A MORTE COMO PROTESTO

Talvez eu queira
Demasiadamente a vida,
Uma vida tão profunda,
Tão intensa,
Que se veste de morte,
Protesto e zombaria
Contra os lugares comuns
De nossa cotidiana

Existência inútil.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

O SILÊNCIO DOS MORTOS



O silêncio dos mortos
Grita
Em meio ao tumulto dos dias festivos,
Deixa triste a alegria de agora
Na memoria de sorrisos antigos.

Escreve no rosto a lembrança
Daqueles tempos felizes
Onde todos ainda estavam vivos.

O silencio dos mortos

Grita.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

A PAZ DE MORRER

Morrer é se perder de si mesmo.
É não estar em parte alguma,
Não compartilhar o mundo,
Não amar, sofrer  ou querer.

Morrer é a mais perfeita definição
De paz.
Mas não sou daqueles que gostam de paz...


terça-feira, 7 de outubro de 2014

A MORTE E O SILÊNCIO

Tento escrever qualquer coisa para ser lida após a minha morte.
Mas nada me ocorre.
Sei que nada que possa ser lido fará diferença a minha inexistência.
Não importa tudo aquilo que realizamos em vida.
Nada transcende o silêncio da morte.

Morrer muda tudo...

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

MEMÓRIAS DE UM MORTO VIVO

Todos os meus eus se desentenderam em algum momento do meu futuro.

E meus passados, desencontrados,  desesperaram-se contemplando um  presente raso e sem soluções.

Nada me restou do tempo mais profundo dos meus  destinos.

Nada ficou das felicidades e dias de sol e azul de céu aberto.

Hoje sou apenas aquele que se esqueceu,

Que deitou sobre  abismos e ainda não morreu.

DESISTÊNCIA

Ficou pela metade
A dor de ontem
No vazio de agora e sempre.
Pois nada me cala esta inquietude,
Esta agonia,
Que me aperta a consciência
E se confunde com a própria vida.

Ficou pela metade a espera,
O sonho e a desesperada vontade

De seguir adiante.

FOTOGRAFIA ANTIGA

Todas aquelas pessoas sorrindo
Na fotografia
Já estão mortas.

Ninguém mais se lembra daquele momento,
Ninguém mais sabe
De suas  vidas.

Seus amores, angustias e sonhos
Perderam-se no tempo
Como se nunca houvessem existido.

Ficou apenas o testemunho vazio

Daquela simples fotografia.