segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

VIVER E MORRER

Viver é um ato de desespero e criatividade contra o nada e o silêncio que um dia nos definirá para sempre.

Viver... É  quase nada ou, simplesmente, muito menos do que esperamos que fosse.

Viver é apenas aquilo que nos permite morrer.


A VIDA É APENAS ISSO...

A vida é apenas isso.
Não comporta ideais tolos de felicidade,
Ilusões de futuros prósperos
Ou certezas definitivas.

Apenas um dia depois do outro,
A sorte e a morte a esperar.


A vida é apenas isso....

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

SOBRE O ABSURDO DA MORTE

A coisa mais estranha da morte é o sentimento de espanto e vazio provocado pela lembrança de uma vida que já se desfez.

É como se deixar de existir fosse um absurdo inconcebível, algo realmente contrário a qualquer “bom senso”.


É impossível conformar-se com a morte e nenhuma concepção metafísica poderá algum dia mudar este fato.

domingo, 7 de dezembro de 2014

LITERATURA E MORTE

A gente aprende
A morrer um pouco
Enquanto escreve,
A acompanhar a vida
Como um espectador impotente,
Como um quase cadáver
Entre as pessoas.
Nenhuma literatura
De si mesma
Se não nos tira
Aos poucos do mundo
E da vida,
Expondo a cotidiana farsa

De apenas existir.

VELHO BÊBADO

Seu existir se resumia  a beber naquele bar simples de subúrbio vendo as pessoas e os carros passarem pelo passeio público no desconforto de sua mesa cativa e  solitária. Fumar e beber, praticamente o dia inteiro, era seu ofício ou, como ele mesmo gostava de dizer, seu modo de participar do mundo.
Evidentemente, o mundo para ele não era lá grande coisa, assim como sua própria vida. Tudo se resumia ao simples ato de respirar e beber. Afinal, já não tinha mais uma vida inteira pela frente. Era agora apenas um velho aposentado e sozinho. Não fazia planos. Apenas esperava a morte. Sabia que nada mais havia para acontecer em sua vida além daquela rotina vazia e inútil de sobrevida.
O mundo a sua volta era  medíocre , na falta de uma palavra mais insultante. Resumia-se naquele vai e vem estúpido  de pessoas  na rua fazendo coisas idiotas e rotineiras, aquelas mulheres jovens e sensuais que cheiravam a prazer, mas que jamais levaria para cama, aqueles casais  retardados de mãos dadas que , na maioria dos casos, da qui a alguns anos,  nem se reconheceriam na lembrança de seus beijos. Isso para não falar nada sobre as insanidades das noticias no jornal ou da falta de educação e ignorância dos bêbados que bebiam a sua volta. Tudo era absolutamente detestável.
Mas para que pensar em tudo isso? A bebida ajudava a esquecer e dava uma sensação de dormência no cérebro que lhe rendia algum prazer, como a coragem de mostrar o dedo para quem sem querer olhasse pra ele naquela mesa de bar. As velhas da igreja eram as principais vitimas do seu dedo erótico. Sempre  deixavam um olhar de recriminação quando passavam por ali  e se admiravam com o fato de sua presença constante, como se fosse parte da paisagem  de bar.
O bar ficava exatamente ao lado do prédio de seis andares em que morava. Toda madrugada, quando o estabelecimento fechava, cambaleava  menos de um  metro  até o portão e mandava o porteiro tomar no olho fundo do cu. Nada de boa noite. Isso era tudo que ele precisava escutar para  interromper o cochilo e abrir o portão.
A noite o bar ficava mais movimentado. Além de outros velhos beberrões e, ao contrário dele, barulhentos e carentes de uma boa conversa, haviam também alguns jovens pobres e sem perspectivas que dividiam sempre uma garrafa de conhaque, conversavam sobre rock, meninas e drogas, antes de partirem para alguma festa ou evento. Estes apareciam mais aos fins de semana.Mas nada dessa porra toda fazia a mínima diferença ou tinha alguma importância.
Aquela noite quente não teve nada de diferente de todas as outras noites de bebedeira. Por volta das duas da manhã o bar fechou e foi pra casa. Tinha ainda um cigarro na boca quando entrou sozinho no elevador com destino ao seu  apartamento de um quarto que fedia a merda e vômito, segundo  a família idiota do apartamento ao lado.
A única coisa de diferente foi o fedor do apartamento alguns dias depois.  Tornou-se absolutamente insuportável e se espalhou pelo prédio inteiro. Esta foi sua última bravata. O fedor do  seu cadáver incomodando todo mundo. Infelizmente a morte não lhe permitia rir da confusão toda. Ninguém pagou seu enterro. Acabou enterrado como indigente.     


VIVER PARA QUE?

Quanto mais envelheço, menos tenho problemas com o fato de que irei morrer um dia. Pois viver vai se revelando cada vez mais uma experiência decepcionante e frustrante. Os mortos não sabem mais a  existência. Assim como eu só saberei dela por algumas breves décadas que não representam nada ao longo do tempo. Logo, a vida individual é uma coisa absurdamente fútil e perene. Algo que realmente prova o quanto a realidade é biologicamente imperfeita.

sábado, 6 de dezembro de 2014

DOENÇA E MORTE

Diante da doença, ele repensou sua vida e muito pensou sobre o trágico fato de morrer.
Chegou a conclusão de que morrer não significava coisa alguma, pois para  absoluta maioria das pessoas no mundo era como se ele nunca houvesse existido.

Viver é uma atividade aleatória e vazia a qual seguimos indiferentes através de nossas rotinas.

A  vida só serve para inventar a morte....

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

O NADA E A MORTE

Eu choro pelos que nunca existiram,
Pelos que nunca viveram...
Pois eles não podem morrer.

A morte é um privilégio dos vivos.
Mas, apesar disso,
Quanta curiosidade cabe
No pensamento deitado
A sombra do nada,
do que nunca foi ou será.