sexta-feira, 29 de abril de 2016
DEVIR E RUINA
Chega uma hora em que
simplesmente somos atropelados pelos fatos e as mudanças acontecem independente
de nossas inércias e conservadorismos. A vida segue mesmo quando nossas rotinas
permanecem estagnadas. Nada é estável no devir humano. Tudo chega ao fim um dia
e nossa única alternativa é administrar a degeneração natural das coisas. Melhor
não esperar muito do futuro e desconfiar
do dia de hoje.
AINDA ESTOU VIVO
Ainda estou vivo...
Esta constatação simples
Contamina meu sentimento
cotidiano das coisas
Sob a forma de um espanto,
De um grande susto.
Não me acostumo a vida.
Não sei ser consciente de mim mesmo
Sem empalidecer perante a mais
elementar
Percepção de mim mesmo.
Ainda estou vivo....
E isto é tão incerto e provisório
Que não significa lá grande
coisa.
Afinal, o que é isso:
“Estar vivo”?
quinta-feira, 28 de abril de 2016
CONDENADO
Estou condenado
A me repetir pela vida
Até o limite da existência.
Tudo que tenho
São questões sem respostas.
Sobre o futuro não sei,
Nunca vi.
Amanhã é sábado.
E isso não significa nada.
A me repetir pela vida
Até o limite da existência.
Tudo que tenho
São questões sem respostas.
Sobre o futuro não sei,
Nunca vi.
Amanhã é sábado.
E isso não significa nada.
TEMPO E MORTE
Em sua ingenuidade infantil,
todas as metafisicas afirmam, uma obviedade que contraria o senso
comum: A morte não é o contrário da vida, mas a ausência de temporalidade.
A eternidade é a transcendência do
tempo. Eis o que a fantasia metafisica nos afirma contra nossa elementar
finitude. Mas isso não nos torna menos finitos e perecíveis.
quarta-feira, 27 de abril de 2016
NASCER E MORRER
No fundo nascer é tão estranho e absurdo quanto morrer. Mas fomos educados para adotar sempre e unilateralmente o ponto de vista da vida. Como seca existência fizesse sentido.
Mas os que apostam na vida não serão Felizes para sempre. Serão constantemente obrigados a acertar contas com o nonsense da natureza contra o otimismo da Boa consciência.
PENSANDO NA MORTE
Há mais silêncios no mundo
Do que vozes ao sol do meio dia.
Há mil mortos dentro do meu
pensamento
E nenhuma eternidade no
horizonte.
Apenas o tempo que passa
No se perder de todas as coisas
através deste abstrato sentimento
de elementar finitude.
sábado, 23 de abril de 2016
MEMÓRIA E ESQUECIMENTO
O mundo dos mortos é definido pelo jogo entre esquecimento e memória no imaginário dos vivos.
O afeto que supera o luto não desaparece, mas nos transforma através de um sentimento perpétuo de perda e ausência. Pois não perdemos apenas aqueles que amamos, mas um tempo compartilhado de existência , uma época pessoal que sempre servirá de parâmetro para consideração do presente e do futuro. Que, de muitas formas, nos conduzirá a consciência incômoda de nossa própria finitude.
EDUCAÇÃO PARA VIDA
Depois que nascemos
Somos educados para a vida.
Mas não nos ensinam
As fragilidades e banalidades
Que definem nossa incerta existência.
Nos reduzimos as exigências dos nossos egos
Alheios ao passar do tempo
E as contradições que nos consomem.
A natureza é insana e perversa
E a vida não passa de um lamentável acidente.
Somos educados para a vida.
Mas não nos ensinam
As fragilidades e banalidades
Que definem nossa incerta existência.
Nos reduzimos as exigências dos nossos egos
Alheios ao passar do tempo
E as contradições que nos consomem.
A natureza é insana e perversa
E a vida não passa de um lamentável acidente.
AFORISMAS PARA A POSTERIDADE
Depois da minha morte, minhas palavras serão toda a minha vida.
*
A posteridade é a mais convincente ilusão da consciência.
*
O suceder das gerações e as mutações do tempo social através da configuração das épocas me causa calafrios.
*
Todo passado me parece uma reminiscência onírica.
sexta-feira, 22 de abril de 2016
UM POUCO DE MIM
Tenho me adaptado ás coisas
Vivido cada dia como uma perda
subtraindo certezas e convicções antigas.
Vivido cada dia como uma perda
subtraindo certezas e convicções antigas.
Hoje resta de mim apenas
Uma vontade quebrada
Em um corpo imperfeito.
Uma vontade quebrada
Em um corpo imperfeito.
O mundo já não diz muito
E o tempo....
Ah, o tempo é como uma avalanche
De acontecimentos que me arrastam
E soterra.
E o tempo....
Ah, o tempo é como uma avalanche
De acontecimentos que me arrastam
E soterra.
terça-feira, 19 de abril de 2016
O SILÊNCIO DA MORTE
Teus silêncios
Me dizem minha morte,
Minha falta de propósito
No se fazer volúvel
Deste cotidiano ordinário
Onde já não há palavra
Que nos diga
A fatal despedida.
Morrerei sozinho
Dentro dos seus dias
Como uma lembrança antiga.
sexta-feira, 15 de abril de 2016
ASSOMBROS DE UMA GAROTA QUALQUER
Não era a morte o que afligia
Aquela pobre garota,
Era a vida que lhe assustava.
Não entendia as distancias
cotidianas
Entre pessoas que se gostavam,
Toda aquela rotina mecânica
Através da qual a existência
Ia se perdendo,
Enquanto cada um esperava
Sem muito otimismo
Que a vida de fato acontecesse um dia.
terça-feira, 12 de abril de 2016
SOFRIMENTO É APENAS SOFRIMENTO
É ridícula a tese de que
aprendemos alguma coisa com o sofrimento.
O sofrer nos acrescenta apenas a corrosiva lembrança da falta de sentido
e significado inspirada pela vivência de certas situações limites ou extremas.
Não há qualquer cabimento em associar isso a aquisição de alguma eventual
sabedoria, a não ser que sejamos orientados por uma representação tão ingênua e
otimista de vida humana, que elimine as contradições e limites da realidade diária.
Sofrimento é apenas sofrimento
sempre e, a menos que abdiquemos de todo bom senso, podemos conceber a absurda
ideia de provação redentora para racionalizar experiências desagradáveis e
indesejáveis.
segunda-feira, 11 de abril de 2016
A MORTE DA FILHA
Ela morreu antes dos trinta anos.
Não deixou filhos
Nem concluiu a faculdade de
medicina.
Deixou apenas boas lembranças
E uma saudade daquelas.
Todos os seus planos e sonhos
Ficaram pelo caminho
E a mãe ainda chora
Todos os dias
A memória da filha.
sexta-feira, 8 de abril de 2016
TODOS OS DIAS...
Todos os dias
Sem perceber
Bebemos pelo menos
Um gole de morte,
Sofremos ruínas,
Perdas
E nos refazemos
Constantemente
Até o dia
No qual nada mais
Será possível.
quarta-feira, 6 de abril de 2016
O PASSAR DAS COISAS
Tudo que foi um dia Radiante
manhã
Se perdeu na noite
De um improvisado futuro.
Somos a sobra do ontem,
Um resto qualquer de certeza
Que naufragou no tempo.
Todo progresso é perverso,
Afirmação do incerto
Contra os hábitos e certezas
Que nos afirmam a existência.
terça-feira, 5 de abril de 2016
MORTE E SINGULARIDADE HUMANA
A banalidade do morrer e do viver,
a capacidade de seguir em frente
e aceitar as perdas afetivas
com naturaridade,
expõe o relativo valor
de cada um de nos .
Mas caso eu morresse hoje,
levaria comigo um modo próprio
e único de saber e sentir o mundo,
deixaria um silencio de coisas
que somente eu seria capaz de
fazer.
E isso não faria qualquer
diferença...
segunda-feira, 4 de abril de 2016
O VAZIO DA EXISTÊNCIA SEGUNDO SCHOPENHAUER
Este breve fragmento de O Vazio
da Existência de Schopenhauer resume a irrelevância da busca da felicidade como
meta da existência. Nenhum prazer é permanente, nenhuma obra humana dura o
suficiente, nem somos nós mesmos mais do que frágeis e irrelevantes instantes
aleatórios.
A inutilidade da vida é o que nos
anima a pensar, a construir discursos sobre o perpetuo desaparecimento que
define a experiência humana:
“Num mundo como este, onde nada é
estável e nada perdura, mas é arremessado em um incansável turbilhão de
mudanças, onde tudo se apressa, voa, e mantém-se em equilíbrio avançando e movendo-se
continuamente, como um acrobata em uma corda – em tal mundo, a felicidade é
inconcebível. Como poderia haver onde, como Platão diz, tornar-se continuamente
e nunca ser é a única forma de existência? Primeiramente, nenhum homem é feliz;
luta sua vida toda em busca de uma felicidade imaginária, a qual raramente
alcança, e, quando alcança, é apenas para sua desilusão; e, via de regra, no
fim, é um náufrago, chegando ao porto com mastros e velas faltando. Então dá no
mesmo se foi feliz ou infeliz, pois sua vida nunca foi mais que um presente
sempre passageiro, que agora já acabou.”
O PESO DOS ANOS
O tempo passa e o mundo
vai definhando.
o amanhã é quase
o fantasma da morte
assombrando todos os atos
Pois tenho me tornado a memória
viva
de tudo aquilo que fui.
Mas já perdi o medo
de não caber na vida.
enquanto o tempo pesa.
sexta-feira, 1 de abril de 2016
MORTO VIVO
Sei que não morrerei de tristeza.
Sucumbirei em minhas falsas
certezas
contra o lugar comum da vida.
Morrerei buscando o absurdo
de qualquer falsa felicidade
tentando apenas respirar
um pouco de simples e pura
existência.
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