Este breve fragmento de O Vazio
da Existência de Schopenhauer resume a irrelevância da busca da felicidade como
meta da existência. Nenhum prazer é permanente, nenhuma obra humana dura o
suficiente, nem somos nós mesmos mais do que frágeis e irrelevantes instantes
aleatórios.
A inutilidade da vida é o que nos
anima a pensar, a construir discursos sobre o perpetuo desaparecimento que
define a experiência humana:
“Num mundo como este, onde nada é
estável e nada perdura, mas é arremessado em um incansável turbilhão de
mudanças, onde tudo se apressa, voa, e mantém-se em equilíbrio avançando e movendo-se
continuamente, como um acrobata em uma corda – em tal mundo, a felicidade é
inconcebível. Como poderia haver onde, como Platão diz, tornar-se continuamente
e nunca ser é a única forma de existência? Primeiramente, nenhum homem é feliz;
luta sua vida toda em busca de uma felicidade imaginária, a qual raramente
alcança, e, quando alcança, é apenas para sua desilusão; e, via de regra, no
fim, é um náufrago, chegando ao porto com mastros e velas faltando. Então dá no
mesmo se foi feliz ou infeliz, pois sua vida nunca foi mais que um presente
sempre passageiro, que agora já acabou.”
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