segunda-feira, 11 de setembro de 2017

BREVIÁRIO DE DECOMPOSIÇÃO

Breviário de Decomposição ( 1949) foi o primeiro livro do romeno Emil Cioran escrito em francês. Não apresenta, ainda, a elegante angustia de seus Silogismos da Amargura ( 1952), mas sua  repercussão à época contribuiu decisivamente para estabelecer o autor como um dos mais singulares intelectuais europeus do pós guerra.

O Breviário lembra, em estilo e temática,  lembra uma obra anterior, Das Lágrimas e dos Santos (1937), que nos oferece  uma espécie de “teologia negativa” ou uma “mística do desespero”.

O niilismo de Cioran tinha à época, como pano de fundo a barbárie de duas guerras mundiais e a sombra por ela projetada sobre qualquer futuro possível à civilização ocidental. Não é, portanto, insólita sua retórica anti humanista, seu desprezo pela condição humana, pela cultura e a civilização.  
Para ele, todo sistema de crenças nos conduz  da logica a epilepsia, a própria existência é um fato insano e ilegível .

Como ele mesmo afirma em seu Breviário,

“ A vida, acesso de loucura que sacode a matéria... respiro: é o bastante para que me enclausurem. Incapaz de alcançar as claridades da morte; rastejo na sombra dos dias, e ainda existo somente pela vontade de deixar de existir.”

Por isso, é natural afirmar a vida, este intervalo que nos separa do cadáver, como uma ferida. O ser humano é um animal sem porvir empurrado para o rebanho como um fantasma de si mesmo. Eis o que resta em meio ao grande cemitério de todas as formulações e invenções frívolas das civilizações.



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