quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

O SIGNIFICADO DO VAZIO

Minhas opiniões pouco me importam. O que eu busco é desaparecer através das palavras. Não há respostas que não façam uma pergunta ou sentido que não inventa um não sentido. Nenhuma ilusão é maior do que o auto engano de nós mesmos.

O QUERER-VIVER

O querer-viver é um imperativo instintivo contra todas as nossas falhas de consciência, contra o mal funcionamento de nossas certezas e o protestos de nossas dores. 

O querer viver é expressão irracional de um organismo vivo que inutilmente sempre aposta em sua auto reprodução, em sua provisória adaptação ao meio em que vive enquanto em  suas entranhas a degradação avança silenciosamente.

REPRESENTAÇÕES DA MORTE


terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

O NÃO LUGAR DOS MORTOS

Sabemos que os mortos representam aritimeticamente um número muito superior a toda população mundial neste exato momento. Mas os mortos  que, diga-se de passagem,  correspondem a todos os nascimentos ocorridos ao longo da história humana, são sombras imprecisas renegados a invisibilidade. Só podemos imagina-los em função de suas vidas e , portanto, como não mortos. Afinal, os mortos não existem. A vida é sempre a irracional medida de nossa percepção. Nunca questionamos a vida...

DESDE SEMPRE ESTAMOS MORTOS

Existo como quem sonha
Inventando a fantasia de si mesmo
Através do olhar dos outros,
Do saber o mundo quando não sei nada.
A única certeza que tenho
É que desde sempre estou morto.
A eternidade é a realização da minha ausência.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

QUESTIONAR A VIDA

Não podemos saber a morte. Ela é um não lugar. Um nome sem conteúdo para dizer a relatividade da vida. Falar sobre a morte é no fundo questionar o que entendemos por vida. Valorizamos demais a vida , mas de uma maneira inegável, a vida é a morte. É ser perecível. A vida se nega enquanto vida. Está é a questão que a morte nos coloca e da qual não podemos fugir através de qualquer fantasia metafísica.

CÂNCER

Desordem,
malignidade,
falha do organismo,
silêncio,
sofrimento,
limite.

Quem sabe a cura?
prisão hospitalar,
banalização do morrer...

viver sem significado,
acontecer impessoal,
controlado.

simplicidade da finitude.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

LEMBRANÇA


Quando tudo em mim se tornar passado
E eu me perder na pós existência,
Espero viver como lembrança,
Como um fantasma,
Na consciência dos outros.
Afinal, vivemos para inventar lembranças,
Transcender os atos
E a frivolidade deste instante.

sábado, 17 de fevereiro de 2018

SEM TEMPO

Não tenho tempo para lidar com o tempo.
Estou preso a calendários,
horários, agendas e fatos.

Mal percebo o tempo,
o transformar-se dos espaços
e dos rostos cotidianos.

Quando me dou conta,
já é outro ano,
enquanto o tempo me escapa
no devir que devora os dias
e os atos.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

A MANHÃ DO NÃO FUTURO


Amanheci impactado pelo silêncio;
Inerte na nudez das coisas vazias,
Brincando com cotidianas incertezas.


Amanheci na fronteira entre o hoje e o nunca,
Adivinhando desertos de eternidades.

O futuro é agora o impossível
gritando no fundo de um horizonte perdido.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

A INDIFERENÇA DA DOR

As dores do mundo são as dores da vida, ou as dores da vida são as dores do mundo?

Qual a fronteira entre o eu e as coisas, os outros e mim mesmo?
Tudo é devir e finitude que não se comunicam , nem se resolvem com fenomenologias.

As dores do mundo e as dores da vida  não cabem uma na outra. Nem mesmo me percebem como matéria passiva de seus caprichos .

Tudo que sei é que a morte me espera como solução de todas as dores que seguirão existindo. Não sou necessário ao próprio sofrimento que me define em carne e mundo.  

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

MORTE E INDIVIDUALIDADE: ONTEM E HOJE

Até o seculo XIX, a morte era o momento de  consagração social do individuo. Morrer era um evento coletivo dedicado a celebração da memoria, dos feitos e laços construídos ao longo de uma vida inteira. 

Durante o seculo XX, com a emergência de uma cultura hospitalar, a morte tornou-se um tabu, um motivo de vergonha. Morrer passou a ser considerado uma derrota. Já não há em nossos ritos fúnebres lugar para celebração da vida vivida.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

NOSTALGIA


Vou em busca do meu passado.
Quero de volta tudo aquilo
Que jaz arruinado,
Definitivamente esquecido e apodrecido.
Pois é neste passado que deixei minha identidade,
Minha realidade mais intensa.
Pertenço a estes dias perdidos.
Não sou feito de agoras.



A ESCRITA DO SILÊNCIO



O dia da minha morte
Escreve em mim um silêncio,
Uma necessidade de pensar,
De viver e criar
Contra a certeza do não ser.

A existência é tão pouco...
Tudo que posso fazer é escrever
Meu próprio silêncio.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

EXISTÊNCIA

A existência é permanência,
Acontecer da vontade
Contra os fatos.
É um infinito que nos consome.
Um saber da vida e da morte.




sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

ÚLTIMO DIA...

Acorda e viver mais um dia é uma daquelas tarefas inúteis das quais não podemos fugir. Mas um uma hora ela foge da gente e a gente nem se dá conta disso. Simplesmente porque já não fazemos mais parte do dia.

Isso pode parecer um fato corriqueiro e banal. Mas vivemos como se a eternidade fosse uma realidade. No fundo, não temos escolha. O futuro da humanidade depende da ignorância do obvio.