domingo, 30 de junho de 2019

ANTES DE MORRER


Antes de morrer espero encontrar o perfeito tédio de viver,
Ser sem sobressaltos,
Acontecer pequeno
No equilíbrio perfeito
Entre o passado e o presente.
Espero fazer um dia
Tudo ser diferente,
Inocente e intenso.
Antes de morrer espero, simplesmente,
Sentir que eu existo,
Indiferente e através  de todas as coisas
Do mundo.

MORTE, ESQUECIMENTO E INSIGNIFICÂNCIA

A morte e o esquecimento é  nosso destino. Mas quem disse que a vida nos torna visíveis? Nossa presença  é  fraca e realiza apenas nosso anonimato.

Não  importa o valor que atribuímos a nossos atos ou a satisfação que atingimos com nossas realizações  de momento.  Tudo que somos se resume a nada. A morte nos impõe  silêncio,  desaparecimento e esquecimento. Isso é  tudo.

quinta-feira, 27 de junho de 2019

O QUE AINDA NOS RESTA?


Somos vitimas e atores do espetáculo de um ininterrupto florescer de ruínas.
Transitórios e precários, adivinhamos na singularidade de cada morte,
O insaciável apetite do nada, do vazio.

O que ainda nos resta?
O passado nos angustia
E faz das permanências e da memória
Um campo impessoal de desastres.

A forma-homem é a mais patética das ilusões da consciência.

segunda-feira, 24 de junho de 2019

DIAS PIORES

Sei que amanhã sentirei saudades dos dias ralos de hoje. O pior da vida sempre estará por vir. Isso se torna cada vez menos questionável na medida em que envelhecemos.

MORTE E DESIGUALDADE

 Inventamos os cemitérios para contaminar o morrer com a mercantilização e projeção de nossas desigualdades sociais no pós vida.

Cada um morre de acordo com o que tem,
mesmo que todos igualmente apodreçam.

PENSAR A MORTE

Pensar a morte é um esforço contínuo para torna-la mais verdadeira do que ela mesma.

É quase uma liturgia tetrica, uma investigação da vida através do seu avesso, do seu fundamento invisível é intangível.

A morte é o mais autêntico dizer da filosofia.

MOMENTOS

Todos os momentos passam. Mas o MOMENTO persiste depois que morremos. Mesmo que seja outro, mesmo que não seja nosso. 


Só o MOMENTO goza da sedutora ilusão da eternidade, pois dele se esvai qualquer substância em sua caótica infinitude.

Nossos momentos morrem para viver o MOMENTO....

O ABSOLUTO DA MORTE

Morrer é um falso conceito. Sabemos a morte dos outros, jamais a nossa. Mesmo assim morremos. Mas nunca saberemos o que é a morte. Pois nós mesmos somos em vida a própria morte em seu movimento. A morte é tudo que é e existe... a vida não existe e o tempo é ilusão.

sábado, 8 de junho de 2019

O NADA DE NOSSA VÃ EXISTÊNCIA

Existe uma equivalência entre a persistência e o apagamento de uma existência. Existir é algo relativo. E é próprio da vida ignorar a si mesma. Não somos mais do que a desfocada realização da espécie.  O biológico nos impõe um modo de existência próprio que transcende nossa própria existência.

terça-feira, 4 de junho de 2019

A VIDA É PERIGOSA

Viver é perigoso.
Nunca estaremos seguros.
Seguimos sem rumo
E sem esperanças.
Mesmo que determinados
A atingir o dia seguinte.
É sempre um dia de cada vez.
Uma ilusão depois da outra
Em nome do pragmatismo
E da sobrevivência.
Um dia morremos e a vida segue.
Morrer não é perigoso.

segunda-feira, 3 de junho de 2019

CIVILIZAÇÃO E DECADÊNCIA


Todas as civilizações possuem seu tempo de declínio, sua idade crepuscular. Afinal, onde há vida, se faz a morte. Não há como escapar. Mesmo quando a metamorfose e a transformação engendram a ilusão de um permanente progresso, o tempo conduz, cedo ou tarde, a ruína absoluta, a inércia e ao silêncio, como a mais natural conclusão.

Nossa tão vaidosa civilização ocidental não é uma exceção. Carregamos a morte em nossa cultura. Talvez, ela seja mais selvagem do que qualquer outra já manifesta na dança das épocas.  

PEQUENAS COISAS


Ainda que fosse hoje meu último dia, minha vida ainda seria impossível em toda sua plenitude. Talvez, porque a plenitude não existe e somos compostos, concreta e abstratamente por pequenas coisas. Nada redime, nada nos realiza. Tudo apenas acontece. Isso pé a vida... Um acontecimento sem rumo de  muitas coisas ao mesmo tempo.

sábado, 1 de junho de 2019

PEGADAS


Um passo...
Sempre mais um passo.
Em qualquer direção seguimos,
Sem vislumbrar conclusões.

São tantos os caminhos
Que não há destino.
Todos caminham.

De uma hora pra outra,
Uns pés perdem o chão.
Mas alguém sempre continua seguindo.

Um passo...
Só existem pernas e passos.


TRANSFIGURAÇÃO

Tudo que existe ultrapassa o instante
Na unidade do devir além do tempo.
Tudo que é inexiste de alguma forma.
No íntimo das coisas tudo é múltiplo e informe.
Tudo que vive se transforma.
A natureza é pura indeterminação e inconstância...
Aquilo que vivo agora
Já é de algum modo
Esquecimento e memória.