Todos os dias são binários:
Sol e lua,
mar e terra,
verdade e mentira ,
alegria e tristeza,
bem e mal...
como se a vida fosse um filme B
em preto e branco,
sem enredo ou qualquer final.
O telemóvel toca.
Não atendo.
sei que a voz que me busca,
através dele,
é o eco de alguma ilusão.
Nenhuma oposição faz sentido .
Sou feito de incertezas e paradoxos,
de conscidências de opostos,
que escapam aos dias
e a qualquer diálogo.
Nem mesmo sei se existo
ou se apenas habito
as memórias dos meus mortos,
se amanhece ou anoitece
enquanto definham as horas
onde me vejo vago e incerto
além de todos as oposições.
Não me interessa a dialética.
Tudo é o eterno retorno
do sempre igual.