segunda-feira, 17 de maio de 2021

CONTRA A DIALÉTICA

Todos os dias são binários:
Sol e lua,
mar e terra,
verdade e mentira ,
alegria e tristeza,
bem e mal...

como se a vida fosse um filme B
em preto e branco,
sem enredo ou qualquer final.

O telemóvel toca. 
Não  atendo.
sei que a voz que me busca,
através  dele,
é o eco de alguma ilusão. 

Nenhuma oposição faz sentido .
Sou feito de incertezas e paradoxos,
de conscidências de opostos,
que escapam aos dias
e a qualquer diálogo.

Nem mesmo sei se existo
ou se apenas habito
as memórias dos meus mortos,
se amanhece ou anoitece
enquanto definham as horas
onde me vejo vago e incerto
além de todos as oposições.

Não me interessa a dialética.
Tudo é o eterno retorno
do sempre igual.



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