terça-feira, 31 de agosto de 2021

MORTE SÚBTA

morte súbita  ou  abrupta, quando decorrente  de processo patológico (como por exemplo, um enfarto fulminante) geralmente ocorre nas primeiras horas do dia.  Atinge tanto pessoas aparentemente sãs como declaradamente doentes. 
Elas nos fazem sempre pensar sobre a fragilidade e incerteza da vida, nos levam ao confronto com nossa insignificância, com a precariedade dos significados e duração dos nossos feitos, conquistas e realizações. Não há fantasia de vida após a morte que a morte abrupta não abale realizando a antiga máxima, segundo a qual, para morrer, basta estar vivo.
Amanhã mesmo, será o inesperado último de dia de muita gente que faz planos para o futuro. Nunca há tempo para despedidas....

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

SEMPRE MORRENDO

Todos os dias acordo
subtraído de parte vital
do meu tempo.

Todos os dias sou menos,
menor e minguante,
ausente da ilusão do ego,
mas, diante do mundo,
cada vez mais insurgente,
intenso e desperso,
nos quatro cantos da morte,
onde me reinvento ausente
em futuros dispersos
em iminentes e humanas catástrofes.




quarta-feira, 25 de agosto de 2021

RETICÊNCIAS

Quanto tempo me resta?
Quantos dias me aguardam?
Talvez não importe.
Nunca será o suficiente
para consumar meu ponto final.

No fim me espera o inacabamento,
a angustia de três pontos de reticências.

terça-feira, 24 de agosto de 2021

SOBRE A MISÉRIA DO NASCIMENTO

Com Emil Cioran aprendi a invejar os inacidos, todos aqueles que na potência do nada permanecem intocados pelo fardo da vida e da morte ou pela ferida de ima consciência.
Afinal, que grande má sorte é suportar uma existência!!

PARA UMA ÉTICA DA FINITUDE

É certo que um pouco de nós morre junto com aqueles que amamos e, ao longo dos anos, de muitas maneiras, participaram de nossa existência. 
Sobreviver aos outros transforma nossa vitalidade, nossa disposição para vida, ampliando a consciência de nossa finitude e do limite de tudo vivenciamos.
Todos os nossos atos estão condenados ao desaparecinento na impessoalidade da aventura humana.
 tudo aquilo que vivemos, sentimos e valoramos há de ser enterrado no silêncio de uma cova onde desaparecerão nossos restos.
Os vestigios de nossa existência não resistirão a duas gerações de nossa família, e nada disso tem qualquer importância.
Infelizmente não somos educados para morrer, não orientamos ou significamos nossas vidas em função de ima ética da finitude, que seria mais importante do que qualquer ingênua convição religiosa sobre a eternidade.

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

A GRANDE DERROTA

Para cada um de nós, a morte é aquilo que não se vê, que não se sabe, e permanecerá, para sempre, inconcebível, pois sua realidade é nosso desaparecimento, nosso silêncio, ou o limite de toda ação, memória e pensamento.
Ela é a absoluta derrota da sobrevivência como vocação, o triunfo da espécie e da natureza sobre o indivíduo.

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

ENTERRO SEM DEFUNTO

E hoje o mundo 
vive a morte do futuro,
celebrando  
o  grande colápso pós industrial.

 No cemitério dos vivos
participamos de um enterro sem defunto
no abismo da emergência climática.

O dia  tem um gosto podre de morte,
Mas continuem consumindo.


segunda-feira, 16 de agosto de 2021

DO LUTO A MORTE

Habito a memória dos  mortos,
vagando pelas sombras do passado.
Em meio a tantas ausências
O ontem tornou-se virtualmente meu hoje,
meu destino é o silêncio e o abrigo do esquecimento.

domingo, 15 de agosto de 2021

ESSÊNCIAL IGNORÂNCIA

O silêncio e o esquecimento são a mais radical experiência que inconsciêntemente compartilhamos.
Viver só é suportável devido aos limites do nosso cérebro. Eles garantem nossa ignorância sobre o universo.

sábado, 7 de agosto de 2021

MORRENDO

Lá fora
o tempo corre
contra a vida
enquanto alguém 
sempre morre
aqui dentro.
A morte é diaria,
e a vida é precaria,
pois morremos desde o nascimento,
viver é  só um modo de morrer.

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

A INDIFERENÇA DA MORTE

A morte é  feita de nunca mais.
Inaugura o outro como impossivel,
como ausência, 
saudade.
Ela cabe no eu
como uma falta do nós.

A morte está sempre
lá fora.
E nos ignora
quando morremos.