domingo, 29 de maio de 2022

TEMPOS SOMBRIOS

Há tempos sombrios nos quais a vida torna-se rasa, banal e insignificante, pois é consagrada ao conformismo, ao artificialismo subverniente aos fatos cristalizados da ditadura do tempo presente.
São tempos ocos onde germinam autoritarismos e impera a decadência das imaginações. 
Tempos em que a vida não vale a existência, nos quais seria melhor nunca ter nascido.

SEMENTES

Viver ou morrer, pouco importa,
entre o tédio da existência e o silêncio da eterna ausência.

Cada um de nós não diz o mundo,
não realiza a vida.
Pois a vida é o germinar da semente
e não a árvore que ela anuncia.
Há  sempre novas sementes
e este é o único objetivo da espécie. 
O futuro esta no eterno retorno do início de tudo.

terça-feira, 24 de maio de 2022

DADAISMO HOJE

Em tempos de pandemias e de guerras, há sempre no indeterminado de nós a anti utopia de um Cabaret Voltaire onde a civilização sucumbi apoteótica no abismo dadaista e niilista do absurdo absoluto.
Brindemos a vida da morte na morte da vida através da vida que nunca morre pois, tudo que é jaz eterno e morto vivo.
O futuro da humanidade está finalmente acabando.

segunda-feira, 23 de maio de 2022

PROGRESSO

A vida segue como uma locomotiva que luta com os trilhos,
que carrega vagãos onde dá acento
a cada indivíduo 
que leva um bilhete de  viagem
onde a morte figura como  destino.

A finitude define a paisagem
que corre e definha em janelas,
que nos devora em cada estação.
  Escutamos sempre na deriva do tempo
o eterno retorno do apito final.

A vida segue devorando seus filhos,
avança sem tregua lutando com os trilhos.
Nenhum de nós termina a viagem,
inutilmente apreciamiamos o caminho.


domingo, 22 de maio de 2022

O FUTURO COMO DEVIR

Quanto tempo demora o futuro?
Alguns dizem que ele nunca chega
enquanto as coisas mudam
e acumulamos perdas.

O futuro é o que escapa,
uma espécie de ausência,
que faz o passado crescer.

Ele é o impreciso momento
onde tudo deixa de ser.

sexta-feira, 20 de maio de 2022

O ESSENCIAL DA ANGUSTIA

O tempo inventa a angustia,
o ser que me escapa
entre sonho e memória. 

Onde querem eternidade
desvelo  finitudes
e a certeza de que tudo passa
no devir do mundo e limites da sorte.

Sei a solitude
da não identidade e o imperativo da morte
contra qualquer ilusão de realização 
ou fantasia de felicidade.

O tempo inventa a angustia,
meus dias lhe dão forma.


HÁ UMA MORTE

Há uma morte gritando dentro da minha dor, revelando a intensidade de todos os meus silêncios. 
Sim. Há uma morte.
Tudo que vive ou existe carrega dentro de si uma morte.
A morte está em todos os tempos e lugares. 

NIILISMO REBELDE

Tudo que temos é a solidão, 
o desabrigo de existir, 
e a morte como destino.

Tudo que fazemos
é construir dia após dia
nosso próprio fim.

Nada temos a ganhar ou perder.
Isso justifica qualquer transgressão  e ousadia.

sexta-feira, 13 de maio de 2022

O QUASE DA VIDA

Toda manhã
a vida quase amanhece
no morrer diário
que define a gente.

Vida que anda sempre a espreita
no sem rosto da natureza,
na intuição dos dias
contra a extinção da espécie. 

Vida que nasce,
que morre,
e nunca é vivida
no mundo que enterra a gente.

quarta-feira, 11 de maio de 2022

A EXISTÊNCIA COMO PARADOXO

A existência que diz
estes versos
já não  é humana,
muito menos concreta,
no tempo e no espaço 
de qualquer vida.

É uma presença 
que se faz
do outro lado do pensamento,
dentro de algum sonho
que me sonha
traduzindo 
 incertezas de mundo.

Há existências que realizam o impossível, 
que desafiam a realidade,
antecipando a morte
e superando toda ilusão 
de humanidade.

Existir é paradóxo.
Só existo na intuição 
de que não existo,
que através de mim
se faz outra coisa
no inderteminado espaço  vivo do corpo
que persiste entre o eu e o mundo.
Além de toda percepção,
Se existo não morro,
e morro porque existo.


sábado, 7 de maio de 2022

MORTO VIVO

Meu hoje é a sombra dos meus passados.

Existo no que se foi
antecipando a morte
em meus passos.

Por isso
Não tenho futuro.
Nem me reconheço 
no tempo presente.

Parte de mim
dorme entre os meus mortos.
Outra parte se desfaz do mundo.











sexta-feira, 6 de maio de 2022

O ADEUS COMO PREMISSA

Parte de mim é saudade.
Outra despedida.

A vida é um por do sol constante
em um céu de melancolias.

Há um adeus latente
em cada encontro
que nos define a vida.

Estamos sempre de partida.



quinta-feira, 5 de maio de 2022

DO OUTRO LADO DO MUNDO

A dor é rara.
Mas a angústia é constante.
Funda nos dias uma agonia,
o desassossego como um mal estar permanente.

Agora mesmo quero estar 
do outro lado do mundo.
Saber lugares sem nome
onde em nada me reconheço.

As vezes,
me sinto aqui do outro lado do mundo,
na incerteza de tudo aquilo
que se apresenta como familiar.

A angustia muda as coisas.