Morrer não significa apenas deixar de existir, desaparecer para sempre. Morrer é acima de tudo ser superado pela vida, desfazer-se em irrelevância, insignificância.
A certeza da morte nos faz pensar o quanto é pueril, do ponto de vista da natureza e do corpo, toda fenomenologia de um ego ou de uma consciência diferenciada, singularizada, articulada pela memória de um fluxo de experiências, por um estável padrão de percepção e sensibilidades.
Ser alguém é algo no fundo insólito e completamente absurdo. Mas naturalizados as sutis contradições que caracterizam o exercício ininterrupto, mas finito, de uma vida consciente de si e da sua precariedade. Levamos demasiadamente a sério nossa condição de viventes.