quarta-feira, 29 de maio de 2024

O IRREDUTÍVEL DE UMA VIDA INTEIRA


A fútil intensidade da  existência 
jamais se reduz a egos, memórias, biografias
ou consciências.

Existir não é coisa que nos defina
e nada temos a aprender
em livros de filosofia ou história.
A vida é sopro  e cada existência é um silêncio em solitário movimento de  decomposição e extinção. 

Nascer e morrer não é uma questão 
para o pensamento.
Pois nossa finitude não é passível de entendimento.
Ela não é humana, divina ou racional.

quarta-feira, 22 de maio de 2024

CADA UM DE NÓS

Cada um de nós 
é vitima e algoz 
de sua própria existência,
responsável por sua auto ilusão.

Cada um de nós ignora a face
de sua própria morte,
mas lamenta o inevitável final
de sua  sorte
e a nulidade dos anos
vividos e desejados.

Cada um de nós 
é menos doque se sabe,
do que se vê.

quarta-feira, 15 de maio de 2024

A BANAL INCONSTÂNCIA DO SER

E tudo se resume
em nascer e morrer,
ou existir para pouco viver,
quase nada saber,
e ver  tudo se perder
na gratuidade do tempo.

Nada acontece
enquanto o  corpo desaba
sobre os instantes
 ferindo convicções e rotinas.

Mas é onde morrem as certezas
que nascem  as transformações mais profundas.

Tudo se resume 
em nascer e morrer,
destruir, criar
e renascer.






domingo, 12 de maio de 2024

A MORTE COMO UM ANOITECER PROFUNDO

Nem todas as mortes
decoram ou brilham nos obituarios.
A maioria delas é  discreta,
 e triste,
no silêncio dos cemitérios.

Não cabem nos noticiários,
nem dão dinheiro a carpideiras.

Algumas mortes são só um morrer,
natural e necessário.
Ignoram os vivos,
sua dor, seus gritos e ritos.

São mortes que decoram a memória 
como um eterno e profundo anoitecer,
escrevendo na gente um imenso buraco
que alguns chamam sarcasticamente de eternidade.

quarta-feira, 8 de maio de 2024

A VIDA É O QUE MORRE

A vida acontece
onde tudo me escapa,
onde eu não sei,
não sou e não estou.

A vida é a medida
da minha ignorância 
e insignificância.

Ela está onde a infância 
transcende o mundo,
a realidade,
o corpo e a razão.

A vida é o que me ignora,
é o inumano que me ultrapassa
na irrisória experiência 
das coisas mortas.

A vida é o que morre...




PROVÉRBIO DE CEMITÉRIO NÚMERO TRÊS

A realidade é a ilusão convincente de que existimos. Ser é uma mentira que a morte desfaz.

sábado, 4 de maio de 2024

PRISÃO E MORTE

Estamos todos presos
nesta inércia,
neste tempo
e modo de ser.

Estamos todos desaparecendo,
morrendo e vivendo
na banalidade do finito e do efêmero.

Somos prisioneiros da linguagem,
da vida, da natureza, do silêncio,
da angústia, do poder, do dinheiro,
do falso e do verdadeiro.

Estamos todos presos...
a liberdade é a morte.

quinta-feira, 2 de maio de 2024

PROVÉRBIO DE CEMITÉRIO NÚMERO TRÊS

O futuro é como um grito
lentamente desaparecendo
no silêncio de um cemitério.
O futuro é nosso último passado,
depois nada.