sábado, 26 de outubro de 2024
SOBRE O MORRER QUE NOS OBRIGA A SER
Já não nos basta a morte voluntária como fundamental questão filosófica contemporânea, como proposto por Camus em o Mito de Sísifo, quando a vida cotidiana se converteu em um fugir do corpo, em um modo de fazer da auto consciência uma percepção estranha de si, do querer e do mundo, através da autônomia fantasmagórica de um eu oniciente, uma ilusão convincente e inútil...
segunda-feira, 21 de outubro de 2024
O ÚLTIMO SONO
Dormir.
Talvez sonhar com o tempo
em que a vida era só um esboço,
corpo,
e o eu não se destinguia do mundo.
Sonhar com os anos
de consciência incerta
quando a existência
quase não era na embriaguez de infâncias.
Desfazer-se...
Olhar a morte nos olhos.
Escapar a consciência,
sem despedida.
Desaparecer,
Esquecer e dormir,
até se perder no NUNCA.
Dormir...
sábado, 19 de outubro de 2024
MORTE E ESQUECIMENTO
Os lugares mudam,
as pessoas morrem,
e a gente acaba.
Tudo que fomos desaparece,
como se a vida fosse
apenas um sonho.
Morremos sem dizer adeus,
sem deixar esperança ou legado.
Não há sentido em ser lembrado.
O esquecimento é uma forma de paz.
segunda-feira, 14 de outubro de 2024
O TEMPO E OS ANOS
Os anos pesam nos ombros.
Mas o tempo é leve,
fútil e provisório.
Ele é o que escapa,
o que ultrapassa a memória,
a ausência e a saudade.
Ele é o avesso
da vida que morre,
que desaparece através dos anos
que me pesam nos ombros.
Um dia não haverá mais ombros
e ninguém lembrará dos anos.
Só haverá o tempo,
leve, fútil e provisóri,
sem dias de aniversário.
quinta-feira, 10 de outubro de 2024
CETICISMO
Hoje, não me comove mais
qualquer quimera.
Sei que a morte me espera
depois de todas as portas,
que o dia não importa
e que a vida
é um problema sem solução.
terça-feira, 8 de outubro de 2024
MUNDO IMPERFEITO
Não posso parar o tempo que passa
ou domesticar a mudança
que se faz selvagem
contra toda esperança.
Não posso tornar suportável
a rotina, as perdas e incertezas
de uma vida inteira
reinventando ilusões de infância.
Nunca teremos a felicidade
como destino,
nem a realidade na palma da mão.
Contra isso não há nada a ser feito.
O mundo jamais será perfeito.
segunda-feira, 7 de outubro de 2024
TENHO O MEU PRÓPRIO TEMPO
Tenho meu próprio tempo,
cultivo meus próprios silêncios,
segundo a natureza que me carrega
e espalha por aí a fora no vento.
Não acredito na história,
na razão e, muito menos,
na humanidade branca,
moderna e europeia.
Não espero nada dos outros,
não quero nada do mundo.
Não leio notícias.
Tenho o meu próprio tempo.
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