A morte de um infante é um acontecimento provocante a nossa imaginação social.
Afinal, as nossas representações da infância não permitem uma consciência da morte capaz de abarcar a complexa problemática do fim derradeiro da existência do puer. Uma criança, do ponto de vista psicológico, ainda é um indivíduo em construção cuja simplicidade de vivências consideramos além do alcance da morte segundo nossa suposta ordem natural das coisas.
Para nós, a morte prematura de um infante é contaminada pela ideia de inacabamento ou interrupção abrupta de uma vida ainda apenas potencial.
O irônico de tal condicionamento cultural é que, em contrapartida, não existem “vidas acabadas”, que tenham cumprido algum projetado propósito subjetivo que lhes justificasse um ponto final.
Não importa em que idade, a morte é sempre o cancelamento repentino do porvir de uma individualidade em permanente construção. Não importa o quanto já vivemos ou realizamos no acumular dos anos.
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