sexta-feira, 2 de setembro de 2016

CONTRA MÁRTIRES E HERÓIS

Sócrates preferiu a morte do que pautar sua vida pelas leis da polis ateniense, pelo menos é o que nos garante seu discípulo Platão, dando ao tema uma interpretação metafisica. Mas muitos de nós fica mais a vontade com Epícuro e seu hedonismo. Para este a morte é quase uma banalidade diante dos prazeres da vida. A ilusão de morrer em nome de qualquer coisa que seja apostando em algum ideal abstrato de eternidade, não faria na filosofia deste ultimo o mínimo cabimento.


Não se trata aqui de uma critica ao suicídio. Longe disso. Não é condenável morrer pela falta de sentido da existência. Morrer em nome de algum objetivo nobre, ao contrario, parece-me patético, um contrassenso. Afinal, não deveria a vida estar acima de qualquer principio ou valor para os partidários de teleologias? Talvez a convicção de uma suposta eternidade ou outra vida onde, caso fossem virtuosos, seriam dignos de glorias e conquistas, alimente a tola ilusão do auto sacrifício altruísta. Isso, evidentemente, não o torna menos ridículos como todos os heróis e mártires de grandes causas vazias.

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