segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

A MORTE DO HOMEM SEM ROSTO ( BREVE MONOLOGO)

Penso em todas as horas perdidas, ao longo de toda uma vida, em nome da simples reprodução diária e mecânica, de obrigações vazias e fúteis.

Grande parte do meu tempo foi dedicada por anos a realização de uma persona. Vivi mais para as necessidades da sociedade do que para minha auto realização e busca de liberdade.  Simplesmente, nunca estive no primeiro plano da minha própria vida. Fui apenas um adulto produtivo, zeloso com suas obrigações sociais, e agora , simplesmente, me tornei um velho inútil e passivo. Quase um ninguém...  Alguém cuja unica expectativa é continuar acordando e respirando no dia seguinte. 

Por outro lado, nunca fui muito profundo. Não tinha um rosto por de traz da mascara.... Eu era minha própria mascara. Nunca vivi de verdade e tinha aqueles sonhos e desejos pre fabricados pelo imaginário social. Eu, simplesmente, era como todo mundo.

Agora percebo que toda a minha vida foi o equivoco de realizar demasiadamente tudo aquilo que esperavam de mim. Sempre segui as regras e não me permiti desvios... nunca corri o risco de um autentico suspiro de existência.

Agora é tarde para tudo....
É tarde até mesmo para me arrepender. 
Minha morte será um dado estatístico.

meus entes queridos chorarão por mim e depois do luto seguirão em frente, reproduzindo vidas tão inúteis quanto a minha. Serão produtivos, conquistarão algum sucesso e, com um pouco de sorte, caso envelheçam, percebam a inutilidade e o ridículo de suas ordinárias biografias....


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