quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

O ACASO


O acaso nunca persegue ninguém deliberadamente.
Arruína igualmente justos e injustos
Não serve a significados ou propósitos,
Não reivindica qualquer justiça.

Seus atos vestem silêncio.
É tão indiferente quanto à morte.

O fato é que ninguém esta além
Do seu alcance.

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

A PIADA DE SER E NÃO SER

A constante iminência do instante da minha morte é condição elementar da minha própria existência. Sua inexatidão define sua absoluta presença como expressão abstrata da minha nadificação. O ser equivale ao não ser.  A vida não passa de uma agonia provisória. Existir é somente uma piada. É preciso sempre rir de si mesmo, do teatro das sociedades humanas e de todos os patéticos avanços da civilização.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

SOBRE O MEDO DA MORTE


A morte pode ser considerada a maior ameaça possível a nossa condição humana. Isso faz dela uma espécie de mãe de todos os medos. Afinal, a inexistência é uma condição para nós inconcebível, mesmo que não nos ofereça qualquer desconforto. Simplesmente abominamos a possibilidade de morrer. Isso porque pura e simplesmente estamos vivos e por um capricho irracional ou instintivo querermos preservar esta situação. A vida em si é insignificante e quase não vale o esforço.


sábado, 26 de janeiro de 2019

SOBRE O NÃO SENTIDO DA VIDA

A maior parte das pessoas que me viram crescer está morta. Agora sou eu que vejo crianças crescendo...


É estranho não ser mais uma entre elas. Quase não me percebo velho. O passar dos anos parece uma piada macabra, como a própria vida.

Tudo fica mais claro quando envelhecemos. Tudo é efêmero! 
Nada faz sentido!

TUDO MORRE

Não somos apenas nós que morremos, que sucumbimos a agonia do corpo contra o tempo. A própria vida morre também no corpo das civilizações. Morrer é silêncio, inatividade e ausência.  O desaparecimento é o destino último de tudo que é manifesto. Tudo morre. A morte é o sentido de toda natureza.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

O SILÊNCIO


O silêncio é físico.
É como uma espessa camada
De poeira
Que cobre as paredes e objetos,
Que enfeita a casa de angustia,
E define todo ambiente através do vazio.
Não há como fugir dele.
O silencio envolve,
Contamina,
Espalha ausências.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

A MORTE E O FUTURO


O futuro existe apenas como um tempo verbal. Não possui existir definido. Nem mesmo é o plano de uma série de acontecimentos pré existentes, pois aquilo que não é ou já foi presente é apenas potencial e imprevisível. O futuro, portanto, não se reporta a uma realidade, mas a um campo infinito de possibilidades que sempre se redefinem, que nunca se fecham em qualquer conclusão. O que caracteriza o futuro como espaço temporal é sempre sua ausência, seu silêncio. Aliais, o futuro não tem memória. Ele é puro silêncio. Neste sentido se irmana da morte.  

A MORTE E A EXPERIÊNCIA DO SUBLIME


Tornar algo elevado, digno do rotulo de sublime, é sucumbir às artimanhas da própria imaginação. Pois desde Kant sabemos que o sublime não se confunde com a experiência estética do belo, mas com a grandiosidade de algo que nos provoca espanto, que põe em xeque nosso próprio sentimento de ser e compreender.

 Algo é sublime na medida em que nos transcende, que se apresenta como ameaçadoramente grandioso, perturbador. Há um gosto de caos em tudo que é sublime. Mas ele é algo que nos habita e não o atributo de qualquer objeto. O sublime é a experiência de nossa fragilidade, de nossos limites e insignificância. Desta forma, nada é mais sublime do que a experiência da morte.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

NOTA PÓSTUMA


Esta nota, deixo rabiscada para ninguém.
Quero apenas que ela sobreviva a minha morte.
Que sejam um pálido e mudo registro deste dia insipido onde imaginei o futuro.
Onde não vi, nem soube, das minhas angustias, desejos e ansiedades.
Pois que quando este futuro for o presente, que minha nota insípida expresse minha perplexidade diante de tudo que define a existência. Talvez, também, meu alivio, por não mais participar do teatro do mundo.

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

O QUE É MORRER?

Morrer é o mais equivocado de todos os verbos. Pois o ato da morte não é uma ação. É um acontecimento que nos transcende. É o contrário de todas as definições. O oposto da verdade. Morrer é a nudez do não sentido. O elegível em estado puro. Trata-se de um fenômeno que permanece selvagem e inominável.

VIVER PARA MORTE

A morte pode acontecer a qualquer momento apagando a singularidade do nosso nascimento silenciosamente. Viver é aprender a morrer, dado que este é nosso destino, a condição de nossa existência. 

Pode-se, portanto, dizer que não é a vida que importa. Mas a morte. É por ela e para ela que vivemos.

SOBRE ESQUECER


O esquecimento imita a morte.
Mas ele é parte do nosso modo de lembrar.
A memória é sempre traiçoeira
E sabe matar.
Constantemente ela nos cala ou engana.


sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

QUANDO EU MORRER

Quando eu morrer não deixarei nenhum legado  a humanidade.
Lamentáveis está grande piada que é a vida e a comédia de toda história humana.

Como poderia eu levar a sério este inútil esforço sem sentindo que o desenvolvimento da espécie, todo o seu patético e destrutivo progresso?

PEDAGOGIA DA MORTE

Tenho me embriagado de morte.
Mas ela sempre me escapa e se apresenta como vida.
Diz muda que eu já não existo.
O mundo me ultrapassa.
A morte se apresenta como uma ideia:
O nada é aquilo que somos.
A vida é ilusão.
Não existe qualquer verdade que nos livre desta lição.

O ANIMAL, O HOMEM E O CORPO


O animal que diz o corpo...
 É isso que sou sem saber.
Apenas a consciência do animal
Que quase não percebe o corpo.
O animal contra a ilusão do humano.
O corpo que inventa o animal.
Nenhum deles irá sobreviver.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

AOS PREPOTENTES DEFENSORES DA VERDADE


Aqueles que se orgulham demasiadamente da persona que comunicam ao mundo, possuem o temperamento de uma criança. Embriagam-se de narciso como dementes. Temem sua própria sombra, pois no fundo são inseguros e carentes. Estão sempre em busca de aprovação. Para tanto julgam os outros e elevam as alturas vertiginosas do verdadeiro suas próprias verdades.

Como são tolos estes orgulhosos escravos  da vaidade e da verdade! A gloria que sonham é sua prisão, sua ilusão e seu pesadelo.

DICAS SOBRE AUTOAJUDA


Uma premissa é elementar: Não existem respostas. Você terá problemas, duvidas e angustias para o resto da sua vida. Desconfie de quem lhe diz algo diferente disso.

Você pode até achar que este ou aquele sistema de pensamento, religião ou filosofia, pode fazer alguma diferença. Mas no fundo isso não passa de uma cômoda ilusão. Nada fará diferença na sua vida. Você sempre carregará nas costas o peso de suas limitações e angustias. Não tem como ser diferente. Esqueça todas as besteiras que circulam por ai sobre bem estar e felicidade. Apenas viva sua vida sem ilusões sobre a possibilidade de tudo poder ser mais fácil.  Self made man é um conceito para tolos e desocupados. A menos é claro que você seja o autor de uma destas formulas mágicas de charlatanismo verbal pseudo existencial. Neste caso, venda livros e soluções fáceis para questões complexas. 

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

VIVA O DIA DE HOJE


As épocas passam,
As pessoas morrem
E a vida segue.
O resto é silêncio,
Esquecimento, vazio.
Viva o dia de hoje...
Mas ele não significa nada.

BANALIDADE HUMANA


Neste dia que me contem em expectativas pouco espero de hoje e de sempre. Os fatos serão sempre os mesmos. Não importa o quanto as coisas mudem, seguirei sem entusiasmo os ritmos de manada, terei todas as opiniões e sentimentos que me forem possíveis. Permanecerei quem sou através da velhice até que não me seja possível ser. O roteiro de uma existência é tão previsível que a vida se reduziu a uma banalidade. Somos equivalentes uns aos outros como peças de reposição. Do que vale ser um indivíduo em tempos de tanta igualdade?   


sábado, 5 de janeiro de 2019

EXISTIR COMO SILÊNCIO

É triste quando nossa existência se converte em silêncio.
Um silêncio que perambula,
Que grita,
Que sente e deseja,
Mas permanece invisível.
Um silêncio que somos e que não somos
Na prisão de uma existência muda.