quarta-feira, 1 de abril de 2020

SOBRE OS VIVOS E OS MORTOS

Tenho feito tão  pouco dos meus dias que, caso morresse hoje, quase ninguém perceberia. 
Por outro lado, se fosse eu famoso, que importariam as homenagens póstumas? De nada valem os feitos,  a boa reputação ou o prestígio, quando se está  morto, quando nada mais se pode fazer sobre qualquer coisa. 
Estar morto é  como quase não  ter existido. Pouco me importa se serei lembrado depois de enterrado. Lembranças  não fazem o mundo. Apenas os vivos importam em sua insignificância. Pois eles existem, mesmo que em condição provisória. Mesmo que , no fundo, sua existência não  signifique particularmente nada diante da impessoalidade da vida.
Levasse eu as últimas consequências meu raciocínio,  fundamentaria aqui a cruel hipótese do quanto os vivos e os mortos são  igualmente nulos perante a indiferença da natureza.

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