terça-feira, 27 de abril de 2021

DIA SEGUINTE

Mais um dia amanhece
e eu ainda respiro
contra todos riscos
que correm minha existência. 
Mas acordo, mais uma vez, 
como em todo dia seguinte,
 em estado de perplexidade
como quem desperta para um pesadelo.
o dia seguinte,  afinal ,
não  traz o futuro.
É  apenas mais um inutil e banal
dia seguinte. 

segunda-feira, 26 de abril de 2021

A VIDA COMO TEATRO DA MORTE

No fundo, a finitude da gente no sofrer do susto de existir no mundo, é um rito coletivo de estranhamento e  luto....
No palco gasto da vida cotidiana a cena é a peça tragica  do cemitério  dos mortos vivos que somos nós



TEMPO DE ADEUS

O mundo agora é tempo
tranafigurado em espaço, 
em palco cotidiano
de sucessivas despedidas.
Digo adeus aos mortos,
ao dia,
as espectativas
e certezas mais douradouras. 
O cotidiano tem gosto de adeus
e melancolia.



quinta-feira, 22 de abril de 2021

NO MEIO DO MUNDO

No meio do mundo
havia um corpo.
Ontem estava vivo.
Agora jaz morto.

O mundo
nunca percebeu
a existência daquele corpo.

Agora ele 
É outra coisa.
Resto 
natureza,
que se deserpersa
dentro da terra .

Mas já foi gente 
no meio de um mundo
que sempre lhe foi indiferente. 

Um mundo que não  será  pra sempre.






quarta-feira, 21 de abril de 2021

POUCO ME IMPORTA MORRER

Viver não  me importa mais. 
meu corpo morre um pouco
todos os dias.
o mundo segue, 
como sempre sem rumo,
enquanto meu existir estreita.

Morrer é  um prazer
depois  de uma vida inteira.

Nada de humano importa
no acontecer de caos
que anima a natureza.

Meu fim será  a óbvia descontinuidade da ilusão  de ser
entre tantas incertezas.

domingo, 18 de abril de 2021

O PARADOXO DO DIA E DA NOITE

O fim do dia da vida
nunca acontece. 
A noite, afinal,
sempre atencede
o nascer do sol.
O passado, no fundo,
é  nosso futuro.
É  sempre noite no céu. 

quinta-feira, 15 de abril de 2021

VIDA É MORTE

vida é  tudo que acontece 
e no seu modo de ser se transforma,
se nega.
É  materia em movimento
no progresso do tempo
sempre incerta de si mesma.

vida é  morte,
desaparecimento é esquecimento.

Nada é  como foi um dia
no eterno retorno do diferente.


CONDENADOS A VIDA

Não  há como escapar da vida. 
Dessa vida concreta e alheia a si mesma, 
circunscrita ao corpo, 
que se faz contra e através do mundo,
que busca seu próprio dupro,
seu outro obscuro de desconhecidos modos de Ser profundo.

Essa vida que sofre todos os absurdos da insanidade do humano e do absoluto.

Essa vida que morre através 
de cada um de nós. 
Que persiste através de nossos filhos como uma erança maldita.

Não  há como escapar. 
Estamos condenados a agonia  de nossa  breve existência
até que a morte nos liberte
através do nada e do esquecimento.


quarta-feira, 14 de abril de 2021

VERSO MORTO

A letra morta do verso
não acorda o corpo 
nem muda o mundo.
Só transforma o que sinto. 
E eu sinto muito....

sexta-feira, 9 de abril de 2021

NA HORA DA MINHA MORTE

Que a morte me cheque suave,
no anonimato das coisas,
na mais serena falência do corpo,
e fracasso dos pensamentos.

Que eu me torne silêncio 
indiferente a vida
e retorne ao nada
despidi de memória.

Quero ser salvo se tudo que fui
no mais Turbo esquecimento
do equivoco da minha existência. 


quinta-feira, 8 de abril de 2021

DERROTA

Fiz o inventario das minhas catástrofes.
Quase tudo que vivi
alimentou angustias, 
frustrações e perdas
que o tempo impracável me impôs.
Do beijo, 
Da alegria e do sucesso,
restam apenas as cinzas.
Minhas  vitórias foram derrotas adiadas.
Não  se pode vencer na vida.
Pois ela não  passa de um jogo de morte.




segunda-feira, 5 de abril de 2021

MORRER

morrer repentinamente,
sem aviso ,
sem tempo de despedidas...
Morrer,simplesmente  desapatecer,
sem explicação ou sentido.
Cair no acaso ,
sumir do mundo,
ser finalmente livre
e esquecido....

MORTE E LIBERDADE

Nada é  mais triste do que sobreviver aqueles que amamos,
do que carregar em nossas vidas 
a morte dos outros.
Mas a morte não é  de ninguém.
Ela é  e todos e, ao mesmo tempo,
escapa  a cada um de nós. 

A morte é a liberdade em seu sentido mais radical.
Ela nos livra do peso  de ser,
Da angustia de viver e querer,
de sofrer por nós  e pelos outros. 



MORRER EM TEMPOS DE PESTE

A morte já não é  como antes.
Agora morre-se de Peste,
coletivamente e sem velório. 

Morre-se de tempo presente,
de negrigência,
de emergência climática 
e de crise da humanidade.

Morre-se como estatistica
entre o medo e o espanto.


quinta-feira, 1 de abril de 2021

POEMA NOTURNO

Sigo dentro da noite
farejando a morte,
o tempo e a sorte.
Pode ser hoje
tarde demais
para dizer adeus.
Só sei que a morte
não  é  minha,
mas de todos nós.