quinta-feira, 30 de abril de 2015

O FIM DO CAMINHO

Não quero ficar aqui sentado
Esperando que o futuro
Me caia como uma avalanche.
Por outro lado,
Não há caminho para seguir,
Nenhuma estrela guia no céu.
A garrafa vazia denuncia
A hora do fim.
Os olhos já quase não enxergam
E as palavras engasgam.
Mas não há ninguém aqui
Para ouvir meus últimos dizeres.
E mesmo se houvesse,
Não saberia o que dizer...

terça-feira, 28 de abril de 2015

A DITADURA DA MORTE

Quando eu morrer,
Não deixarei filhos,
Não farei chorar netos
E nem partirei o coração de uma viúva.
Apenas perderei a vida
De modo banal e fútil,
Como no fundo
Acontece com todo mundo.

O céu vai continuar azul
E os carros correndo nas ruas.
Apenas não terei mais direito

A qualquer opinião.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

MORTE, EFÊMERO E COTIDIANO

A transparência do supérfluo é o que agora há de mais evidente
No cotidiano danificado de nosso acontecer em sociedade.
Cada vez menos tenho algo em comum com os outros,
Com o coral de vozes e consciências  que tumultuam
O sempre igual das horas.

Nada me diz as rotinas, o jornal do dia,
Essas ânsias e vontades que habitam o ar
Que respiramos.
Nada me diz isso tudo que ainda teimam

Em chamar de vida.

LEMBRAR E MORRER

A morte e a lembrança se relacionam intimamente. Pois sendo o morrer um sinônimo de ausência,  sua essência é o gritar do silencio.

Quando lembramos  carinhosamente de alguém ou de algum momento que o tempo levou, vivemos uma experiência de morte. Sentimos uma perda, uma falta ou, simplesmente, uma subtração de nos mesmos.


Não há cotidiano sem morte....

sábado, 25 de abril de 2015

AMOR E MORTE

Um beijo, um adeus,
Depois os dias,
A vida que segue
Em tragos de poesia.
Acende mais um cigarro.
Não pensa.
Viva apenas este momento.
O amanhã se estragara em futuros.
Destrua cada segundo.
Não espere nada das coisas,
Não cultive pessoas.
Pois a morte é sua única amiga.


sexta-feira, 24 de abril de 2015

O TEMPO PASSANDO E EU AQUI MORRENDO AOS POUCOS

Ontem me bateu por dentro um profundo sentimento de envelhecimento.
A vida doeu no mais profundo e noturno de minha consciência do tempo.
A solidão me abraçou forte e me convidou a bailar.
Me beijou com seu hálito de morte
Até que eu esquecesse completamente do meu viver.
Ontem me senti quebrado pelo passar do tempo,
Pelo se perder das coisas
E sucumbi a melancolia,
Ao luto por mim mesmo.


quarta-feira, 22 de abril de 2015

SORRIA: VOCÊ ESTÁ VIVO!

Apenas um dia a mais no calendário. Isso era tudo que tinha a dizer sobre a vida.
Existir  não passa de estar dentro do tempo  sofrendo o  passar das coisas,
Acumulando perdas e passados que em algum belo dia irão nos soterrar.
Nenhuma filosofia ou religião pode mudar isso.
Ao nascer fomos condenados a morrer,
 A perder.
Devemos, entretanto, continuar por ai sem pensar nisso.
Apenas sorria por ainda estar vivo...


segunda-feira, 20 de abril de 2015

VIVER É MORRER

Tenho plena consciência do quanto viver não passa de um ato de morte.

Por isso  pouco me importo com os revezes da vida.

A conclusão de tudo é  morrer e não faz muita diferença as alegrias ou tristezas que me visitam ao longo do caminho. O destino será inevitavelmente o silêncio. E o vazio.

Então por que me importar com os dilemas do dia a dia?
Que diferença faz os desatinos do mundo e os abismos  da minha vontade ferida?

A importância das coisas é uma falácia metafísica.


quinta-feira, 9 de abril de 2015

QUASE MORTO

Ainda vivo das urgências da vida antiga
Em que eu respirava determinações
E me lambuzava de esperanças.
Sofro saudades dos meus passados
Como quem existe as portas da morte,
Como alguém que caiu de algum álbum de retratos.
Quase não existo.
Lamento tudo aquilo
Que agora me define.

Estou a espera da paz dos meus mortos.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

FIM

Eu era apenas um escombro de gente
Vagando indigente
Entre os restos de um mundo caduco.
Não era eu,
Não era qualquer coisa.
Apenas seguia
Sem direção e esperança
Rumo ao esquecimento
Que me aguardava em qualquer canto.


sexta-feira, 3 de abril de 2015

INTROSPECÇÃO E SOMBRA

Tenho apenas pela frente
O incerto do dia seguinte
E a vontade ferida de ir adiante.
Talvez o amanhã se desfaça
Em minhas exigências quebradas.
Talvez o céu chore por mim,
De repente,
Em uma grande chuva.
Mas nada vai mudar.
Vou continuar aqui,
Vazio e inerte,
Contemplando o agora,
Morrendo um pouco em todas as coisas.


MORTE E SOCIEDADE

Normalmente a morte de uma pessoa famosa torna-se um evento midiático, quase uma catarse coletiva, onde a perda de uma individualidade emblemática veste-se de tragédia socialmente compartilhada como um ritual macabro de sacrifício. Morrer deixa, assim, de ser um acontecimento íntimo e natural. Torna-se um evento onde o que se afirma é que a vida da sociedade continua apesar do morto e do silêncio que sua perda representa. No final das contas, o que sempre fica é a ideia de que somos todos dispensáveis. A vida sempre deve continuar.... 

quarta-feira, 1 de abril de 2015

A ARTE DE MORRER

Pensar a morte é a grande questão da vida.

Pois vivemos apenas para morrer um dia

Enquanto nossa espécie prossegue incerta sua sina.

Morrer é a arte de lidar com a existência

Aprendendo o passar constante

De todas as coisas.

Logo, nada me prende,

Nada me importa.

Quero ser apenas

A poesia...