terça-feira, 25 de agosto de 2015

O PASSADO ESTA MORTO

O passado está morto....
Então como posso ainda estar vivo?
Sou feito daquele passado,
De tudo aquilo que me abandonou
No tempo e no espaço.
Quase não existo.
O silêncio da eternidade
Já foi para mim anunciado.
Só me resta o alívio do esquecimento.
A vida esta resolvida.
O passado esta morto.

E ele é meu abrigo.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

ACIDENTES ACONTECEM

O que mais me preocupa não são os problemas e dilemas cotidianos da minha existência, mas o  fato de estarmos o tempo todo sujeitos ao imprevisível da fatalidade. Acidentes acontecem, doenças acontecem e podem jogar por terra tudo aquilo que você ou pensa de uma hora para outra por simples acaso.


Nenhuma fé  ou otimismo vai mudar isso. Acidentes acontecem e a vida não acontece do jeito que queremos  ou consideramos justo.

sábado, 22 de agosto de 2015

VIVER É MORRER

Morreremos todas as vezes que reaprendemos a vida e o mundo. Morrer é um se perder de si mesmo, um abandonar de  certo sentir das coisas e caminhar em direção a novas formas de sensibilidades e certezas que até então nos eram desconhecidas.

A ideia de morte como experiência da própria vida, baseia-se na premissa de  que tudo é incerto e perene. Tudo que fazemos é acumular perdas e transformações ao longo do tempo.

Nada mais...

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

MORTE: ETERNA MUSA

A morte deve ser a imagem inspiradora de todos os nossos atos. Através dela tudo perde peso e importância, torna-se pequeno e insignificante, como nossa própria condição humana. Assim compreendemos a fragilidade de nossos desejos e vontades, o quanto tudo aquilo que somos não deve obscurecer nossa consciência das coisas. Quanto menor nos sentimos, mais ousamos, mais somos livres , mais aprendemos que a vida torna-se significativa justamente pela sua absoluta falta de valor.


Tudo que nos resta depois do nascimento é jogar dados com o acaso, brincar de realidade, até que tudo acabe e sejamos consumidos pelo silêncio de nossos atos.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

VIVER É MORRER

Penso que a vida é uma gramática do morrer, uma experiência da finitude como princípio elementar da própria existência. Tudo que fazemos, o tempo todo, é morrer aos poucos, no avanço constante do inteiramente outro de nós mesmos.


A morte é uma arte  delicada que a vida nos ensina em cada segundo incerto de afirmação do devir contra o absurdo  silêncio que nos anula o nascimento.

Viver é morrer...

Desconstrua  o futuro....

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

SAUDADE

Acordei ouvindo o eco dos meus mortos.
acordei saudoso dos dias
em que eu despertava dentro de suas vidas.

Agora que todos se foram
fico aqui como um tolo
entregue a mim mesmo
no vazio de quase não ser
e passado é presente
contra o futuro





quinta-feira, 13 de agosto de 2015

MORTE E ESQUECIMENTO

As constantes visitas ao cemitério,
tornaram meu coração mais lúcido,
menos medroso e vaidoso
frente  a  constatação
de que desde o meu nascimento,
de muitas formas, eu já estava morto.
Que importa os dias,
do que vale os fatos ?
Sou apenas um ponto caído
no meio da linha reta do esquecimento,
um lugar esquecido no cemitério.



terça-feira, 11 de agosto de 2015

A MORTE COMO ELA É

A morte não é uma vivencia abstrata.
O morrer é concreto.
É o corpo que falha,
Que se cala.
É o pensar que acaba,
O sono...
A inconsciência
E o ponto final
Que quando acontece
não se percebe.
Morrer é simples.
É como esquecer

Do próprio nascimento.
O difícil é viver...

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

SOMOS TODOS NÃO NASCIDOS

Os suicidas são aqueles indivíduos  que, mais do que qualquer outro, sabe que a morte é uma necessidade, coisa inevitável. Que diferença faz os anos e décadas que temos pela frente para acumular atos e realizações fadadas ao certo esquecimento ou ao campo opaco das lembranças vazias que se perpetuarão naqueles com quem  convivemos e sobreviveram a nossa ruína?

Se a maioria segue diariamente pela vida receosa por seu destino, é porque sabe que existir se resume a um incerto movimento de inércia. Mas o mundo, na plenitude de seus significados mais profundos, se quer se deu conta  de que nascemos um dia.

A FRAGILIDADE DO TEMPO VIVIDO

O que há de mais insólito no passado são as lembranças. Quando lembramos é como se rememorássemos  alguma coisa que nunca aconteceu, mais foi apenas sonhada. Afinal, que distancia existe entre o nosso existir de vinte ou dez anos atrás! Lugares mudaram, pessoas morreram e eu mesmo já não sou o mesmo.

O tempo nos ensina a irrealidade dos momentos, sua fragilidade...

Por isso é que digo: quem me dera esquecer tão profundamente o vivido a ponto de me livrar desta triste ilusão que é o “Eu” que recorda.

Habitamos  o agora, mas onde começa o agora? Onde termina?
Tudo já acontece no passado e quase não existe.

sábado, 8 de agosto de 2015

DIA DOS PAIS

Faz poucos anos, o dia dos pais
Virou dia de finados.
A casa antiga já não é a mesma.
Ganhou mais uma ausência
Enquanto  ainda  frequento os dias
Sem saber até quando.


Meu pai está morto.
Não me venham com metafísicas soluções.
Não há outras vidas.
Apenas o vazio que fica,
A saudade e o espanto
De sofrer a morte dos outros.

Meu pai está morto
no dia dos pais.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

FUTURO MORTO

Tenho pouco a dizer.
Já não espero muita coisa
Além do café da manhã
E meus cacos de realidade
Para cotidianamente administrar.
A vida continua a cair no abismo
Do pior futuro possível
E, todos já sabem,
Que o mundo não tem mais jeito.
Então sangro silêncios,
Respiro limites

E vomito esperanças.