sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

SIGA EM FRENTE...

O que importa é sempre seguir em frente.
Não importa se o que fica pra traz
foi bom ou ruim.
Nada é permanente.
Nem mesmo a gente.
Então siga pelo tempo a fora
sem pensar  em vitórias.
Apenas aproveite  a vida...

Não procure fundamentos.

MORTE E CONSCIÊNCIA

Lembrar é uma forma de consciência da morte. Nenhum animal além do humano é capaz de converter em nostalgia o acontecer de sua própria existência. Isso é o que chamamos memória. Não se trata apenas de acumular lembranças, mas de conceber a si mesmo como finitude e devir constante. Somos a única espécie que sabe que morre.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

MEMÓRIA

A memória é nossa verdadeira casa.
Nela inventamos a nós mesmos
como sombra de um agora
desde sempre condenado.

Caminhamos o tempo todo
contra o relógio
ansiosos para chegar
ao lugar nenhum  de nossos atos.



terça-feira, 26 de janeiro de 2016

SEM NOVIDADES

Estive por ai a deriva.
Apenas vivendo,
bebendo e rosnando um pouco
contra os outros.
Não tenho novidades
nem grandes feitos
para compartilhar.
Aliais, nunca temos .
Somos feitos de pequenas
coisas
que se apagam com o tempo.


segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

DO NADA AO NADA

O tempo que nos envelhece rejuvenesce as coisas,
 enquanto des inventa tudo aquilo que nos tornamos.
A construção da existência é um desabamento constante,
uma agonia que nos define.
Tudo que nos resta é a fantasia
de inventar a si mesmo
como trágico e fatal movimento
que conduz de um ponto a outro

de um mesmo nada. 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

O NADA DA MINHA LOUCURA

Espero algum dia
saber as imaginações de uma criança louca.
Pois é no absurdo e no sem sentido
que reside o mais firme propósito
de nossa existência:
Des-existir!
Deixem de lado a razão.

Abracem o abismo.

SABEDORIA

Sei muito pouco sobre o mundo.
Mas o suficiente para não gostar dele
e não leva-lo demasiadamente a sério.
Tal premissa é uma das poucas coisas positivas
que nos oferece a velhice.
Mas nunca envelhecemos

o suficiente....

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

O QUE SOU É PASSADO

O que sou é passado.
Um conjunto de lembranças,
experiências e saudades
que quase não me cabem
por dentro.

O tempo se confunde
com minhas perdas,
com a existência que eu tinha
na vida dos outros
e com os futuros todos
que me acenavam
enquanto o mundo sorria.


O que sou é passado...

EVASÃO

Não esperem de mim despedidas.
Vou embora em silêncio,
quase em segredo,
enquanto a vida segue
vazia e sem grandes propósitos.

Vou embora feito quem fica
e continua
sem muitas expectativas.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

MUITO ALÉM DA FELICIDADE

Nunca contei com a hipótese
da felicidade.
Bastava que algumas poucas coisas
dessem certo
e me permitissem uma sobrevivência serena.
Mas, como todo mundo,
tive o que não merecia,
o que não queria
através das artimanhas do necessário.
Sabia que a premissa máxima
da aventura da vida
era ter estômago
para aguentar as agonias do mundo,
as absurdas reviravoltas do acaso.
Tudo era uma questão de não enlouquecer de vez.


quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

E A VIDA SE FOI...

A vida não mora mais aqui.
Perdeu-se em desencantos,
silêncios e lutos.
Saiu de braços com o tempo
E nunca mais voltou...
Não  deixou bilhete,
recados ou saudades.
Apenas se foi.

Ninguém mais a viu.

ABSURDA EXISTÊNCIA

Não quero o mundo no meu caminho.
Em tudo serei absurdo,
sem sentido ou rumo.
Viverei nos vazios túmulos
dos meus eus perdidos,
dos meus desesperos mais íntimos.
seguirei sozinho e provisório
como um indigente
remoendo este assombro,
este absurdo ,

que é a existência.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

NOTA SOBRE O TÉDIO

O cotidiano e a rotina tornam a estupidez mais frequente do que a inteligência. Na maior parte do tempo, existimos apenas para o tédio e seus lugares comuns. Vivemos como pedras no caminho do mundo. Quase não somos desafiados a reflexão e ao desenvolvimento de uma imagem mais precisa e lucida de nossas experiências vividas.

Existimos como fantasmas de nós mesmos...


terça-feira, 12 de janeiro de 2016

SAUDOSISMO E LUTO

Vivo para lembrar meus passados,
para viver do que se foi,
daquilo que um dia
me fez intensamente vivo
entre os outros.
Sou apenas o resto
de algumas felicidades perdidas

neste atual vazio de pessoas e coisas.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

INCIDENTE VITAL

O prosaico incidente
da minha própria vida
carece de definições.
É acontecimento solto
no tempo e no espaço,
momento pomposo
de um grito
contra o nada,

de um vazio existencial.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

DESISTIR DA VIDA

As incertezas vindouras,
as perdas e o peso da idade
não me assustam tanto.
O que temo é me perder das coisas,
afundar em minha própria existência,
até desistir da vida.
Eis o mais triste

de todos os destinos humanos. 

domingo, 3 de janeiro de 2016

MORRENDO AOS POUCOS

Havia desistido  de ser coerente.
Não era do tipo consequente,
Mas tinha mais juízo do que a maioria.
De um modo geral as pessoas pensam
Que são o centro do mundo,
Que suas opiniões importam
E fazem todo o tipo de discurso vazio
Para preencher sua nulidade.
Eu não precisava disso.
Tinha uma morte no bolso
Para todas as ocasiões da vida.
Estava sempre morrendo um pouco.

Respirar é isso.

sábado, 2 de janeiro de 2016

O CAMINHO

Ando cada vez mais vivo em meu passado,
Enfiado em tempos perdidos
Onde eu era mais intenso e promissor
Do que me considero hoje.
Com o passar dos anos
A gente vai perdendo a intensidade,
A capacidade de viver
Como se o mundo fosse uma estrada aberta.
Vamos nos fechando em um caminho
Que a cada passo se estreita.
Mas isso não faz diferença.
Pois ele não precisa nos conduzir
A lugar algum.
Todo o futuro, afinal,
Fez residência  em algum passado.

Já não há para onde ir.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

MATURIDADE

A grande maioria das pessoas não alcança a maturidade. A realidade é demais para elas. Preferem alimentar suas fantasias de domínio egocêntrico dos fatos e viver o fardo de suas ilusões de um mundo ordenado e inteligível de alguma maneira. 

A maturidade nos desperta o desencanto. Com ela aprendemos    a não esperar muito das coisas e modestamente acumular pequenos prazeres sem finalidades profundas. O corpo e o pensamento tornam-se uma coisa só. Ficamos mais preguiçosos, menos vaidosos.

A maturidade é um apaziguamento da vontade pela consciência de nossa finitude. 
A maturidade é um aprendizado da morte. 


OS LIMITES DA VIDA


Limitado
Por tudo aquilo que me tornei,
sei que a vida jamais será
nada daquilo que esperei.
 
Tudo há de seguir 
e se acabar na tediosa rotina
de alguns problemas sem solução.

Meu futuro afundou no impossível...