Quando meu
viver for um acontecer para sempre pendente, não fará mais diferença minhas
intenções e metas. A morte terá me reduzido a passado e todos os meus
vestígios estarão desatualizados em relação a virtualidade do meu eu. Não estarei mais sujeito a mudança. Serei apenas uma referência na memória de
alguns, pelo menos por algum tempo. Depois desaparecerei de vez no silêncio do
mais absoluto esquecimento.
É natural
desaparecer. Nada mais justo. Mas não gosto da ideia de que minha breve
existência, presa as determinações de um ego, ficará prisioneira, pelo menos em
suas representações, de ilusões
teleológicas de finalidades e metas.
É inerente ao
manifestar-se de qualquer forma de vida, a busca pela satisfação de afetos que
lhe asseguram a própria sobrevivência. O desejo, a busca do outro ou do fora de
si, é o modo como existimos em um dado
ecossistema. Mas isso não coincide com a ingênua expectativa de que cumprimos
um objetivo maior ou destino. Nossa existência individual não faz qualquer
diferença no mundo. Mesmo quando realizamos qualquer obra, são suas apropriações
coletivas e sociais que sobrevivem a revelia de nossa expectativa e
significações pessoais.
Vivo de
ilusões e metas? Invento sentido para minha vida? É preciso ter claro que
nossas orientações teleológicas não passam de um jogo, estão condenadas a um
componente lúdico, que ultrapassa qualquer efeito de verdade.
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