apesar de todas as dores do mundo.
Estou conformado a ter que sempre falar e agir
como se meus atos
tocassem,
mesmo de leve,
a pele quente da eternidade.
Como se a vida fizesse sentido,
e fossem sólidos e dignos
meus modestos e pessoais objetivos vitais,
afetos e sonhos de felicidade.
Fui educado para acreditar no mundo,
confiar em conceitos,
discursos e verdades,
apostar no futuro da humanidade,
e aplaudir o infinito,
a civilização, os livros,
e toda forma de insana invenção humana
até o limite de nossa desmedida vaidade.
Sou apenas mais uma formiga
na vida coletiva do formigueiro.
E o formigueiro é tudo que para mim existe até o limite da imaginação de um universo finito.
Estou condenado a servir a qualquer ideal vazio de sociedade
esperando encontrar meu próprio rosto
no espelho fosco do mundo
antes que me surpreenda algum desastre.
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