Em tudo que há
existe um grande silêncio.
Ele impregna todas as coisas vivas e inanimadas,
confundindo-se com a escuridão do universo.
Assim, o mundo, a natureza,
toda matéria,
acontece dentro do corpo,
quase infinito, deste silêncio.
Ele envolve,
consome, cala,
e reduz a nada todo complexo edifício de palavras
que dedicamos a vida.
Trata-se de um silêncio absoluto, onipotente, onipresente,
e indiferente ao sopro, ao som,
e ao verbo.
Um silêncio que se estende do início ao fim de tudo.
Um atemporal,
insuperável,
e quase insuportável silêncio,
que jamais será ultrapassado
pela soma de tudo que já foi ou ainda pode ser dito ou escrito
ao longo de todos os séculos.
Este silêncio é, simplesmente,
morte.
Ele contém tudo aquilo que nos conduz além ,
que ultrapassa a consciência, a inteligência e a percepção.
Ele é a intuição do além do humano,
uma vertigem de nada.