sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

MORRER...

As vezes é importante lembrar que em algum dia você  será o próximo a morrer neste mundo. Isso é inevitável. Sua vida não terá sido grande coisa e você terá arrependimentos, frustrações e angustias. Mas isso não fará diferença. Todas as suas lembranças e vivências não valerão nada. Sua morte ira apagar tudo. Foi para esse momento de definitivo desaparecimento que você viveu uma vida inteira.

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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

MORIBUNDO

Os dias iam ficando menores
e a vontade minguando
diante da expansão dos limites
que me definiam a existência.
Eu era quem não sou mais.
Muito mal sabia ainda o meu nome.
Afogava no desassossego do querer
quando tudo se revelava
irremediavelmente impossível.
Fechem as cortinas e me esqueçam.

O dia seguinte não trará o futuro.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

SOMOS APENAS OBJETOS DO MUNDO

Não sei mais o que morrer significa. De um determinado ponto de vista minha morte é totalmente irrelevante, considerando que não me destaco na paisagem do mundo, que minha presença nele é irrelevante para a grande maioria das pessoas. Somente alguns poucos lamentarão de fato meu desaparecimento. O que não as impedirá de  seguir em frente.

Por outro lado, uma vez morto a perda da minha  própria vida já não fará diferença para mim, pois não existirei mais.


Assim, a morte apenas nos ensina a banalidade do viver e morrer. Nascimentos e óbitos são banais. Acontecem o tempo todo. Não significam nada.  Não há qualquer propósito  nisso. Somos apenas objetos do mundo...

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

A VIRTUDE DOS DESESPERADOS

Esperanças  não inventam futuros. Apenas o desespero nos conduz ao dia seguinte.

Sem um pouco de ódio, revolta e desmedida insatisfação, jamais ousamos o amanhã.

Os conformistas e otimistas estão condenados desde o princípio a uma existência sem ambições, opaca e vazia. Eis  o que lhes oferece qualquer ideal de felicidade.


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

A MISÉRIA DA EXISTÊNCIA

Não tenho respostas para as cotidianas e inúteis tarefas banais que nos definem hoje o fato de viver. Acho mesmo que não existe qualquer resposta satisfatória para isso. Apenas perguntas que não param de crescer em intensidade, mas que se calam no fato involuntário de morrer. Nada mais posso dizer sobre nossos dilemas existenciais sem ser redundante ou ridículo.


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

SOBRE OS NÃO NASCIDOS

Me recuso veementemente a participar da geração de uma criança, experimentei demasiadamente a condição humana para querer reproduzi-la. Me nego a transmitir meu legado genético e contribuir para a perpetuação de nossa comedia humana.


Viver, morrer... Não faz diferença. Os não nascidos, os que nunca foram , despertam em mim profunda inveja. 

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

LUTANDO CONTRA O TÉDIO

A vida jamais será como um  rio passando em um dia sol e céu azul. Uma floresta enterrada em profunda madrugada seria para ela uma metáfora mais apropriada. Afinal, tudo é  ilegível no acontecer do mundo e somos breves demais, frágeis demais, para construir uma imagem de realidade  que transcenda o efêmero e a finitude como horizonte de nossa existência.


Estamos condenados ao tédio. Viver é o tempo todo inventar estratégias para escapar a opacidade da realidade. 

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

SEM ESPECTATIVAS

Estou fadado ao fracasso.
A vida não tem como dar certo
e todo sucesso é um engodo.
A morte me esclarece os silêncios,
o insano da subjetividade
e os limites da vontade.
Precário e provisório me desfaço
nos dias,
me refaço em sentimentos , afetos
e através de um pouco de poesia.
Fora isso,
Sigo sem grandes expectativas.


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

FAMÍLIA

Nada sei sobre os séculos anteriores ao meu nascimento. Não posso falar sobre o mundo que não conheci. Mesmo assim, dentro de mim moram ainda muitos passados, vidas interrompidas, emoções perdidas, cotidianos e pessoas que, de alguma forma, atualizo neste lugar nenhum da minha simples existência.

Sou o que sobrou dos meus mortos. Alguns só conheço de nome. Da maioria me escapa qualquer vestígio. Mas sei que sou o elo de uma grande cadeia de vivencias que me atravessam.

Nasci em uma unidade familiar especifica, floresci como indivíduo e morrerei para viver sem rosto, através dos meus descendentes, qualquer futuro onde não estarei.


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

REMORSO

Aquilo que é prometido
deve ser, o quanto antes,
realizado,
para que a promessa
não se torne imortal,
um ato perdido no atemporal
das vontades apodrecidas

e veladas por um remorso ancestral.

A MORTE COMO UM ACONTECER SOCIAL

Pertenço a um tempo determinado, a uma determinada época e lugar. Isso pode parecer muito óbvio e banal. Mas se tornou um peso quando a gente envelhece e se confronta  concretamente com a finitude. Envelhecer é como, aos poucos, deixar de ter um lugar nas rotinas do mundo. Morremos socialmente antes de morrer fisicamente. Por isso a idade avançada nos ensina a nostalgia da infância e do perdido vigor da existência. Mas, infelizmente, não existe nenhuma fonte da juventude que redima o corpo do  desgaste temporal. A nostalgia e o apego ao passado não passa de uma forma de evasão do tempo presente.


Depois de certa idade, tudo que podemos fazer é fugir de nos mesmos....  

sábado, 6 de fevereiro de 2016

MORTIFICADO DESERTO DE EXISTÊNCIA

Hoje acordei  inapto a existência.
Meu corpo e meus pensamentos
quase não cabem na vida
e me calo  em resistências 
contra este mundo insano
do qual participo.

Tenho na boca  um gosto de merda
e morte,
um amargor na língua
e na vontade.

Não me procurem agora,
não queiram hoje
saber de mim
em meus labirintos...

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

MORTE E MELANCOLIA

Toda tristeza nos mata um pouco
e , muitas vezes, nos resta apenas 
contar com a sorte para não sucumbir de vez
diante da incomoda lucidez
dos que sabem o impossível do mundo,
ou o limite de todas as coisas,
na insignificância humana.
É preciso brincar de viver
enquanto a morte não nos elimina de uma vez
deste estranho delírio absurdo
que é a existência.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

O FIM...

Precisava de mais tempo.
Mas tempo era tudo aquilo
que eu não teria.
Aos poucos se desenhava
o fim de todas as alternativas.
Nada mais havia a se fazer
ou para onde ir.
Resignadamente,

aguardava o fim...

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

MEDO DA VIDA

A morte não era o problema.
Era a vida quem me dava arrepios.
O tempo me desafiava...
Existir era aceitar desafios.  
Mas o dia seguinte era sempre tarde demais.
Quando me dava conta, 
As soluções já tinham ido embora
Como um barco perdido em um rio.



terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

PARA UMA PEDAGOGIA DA ANGUSTIA

Não há angustia maior do que a de não poder fugir a mim mesmo. Pensar, sentir e viver outras coisas que me transcendam enquanto uma consciência perdida no mundo existindo entre abstratos cacos de realidade.


Gostaria de não ser eu por um dia e desvendar este estranho equivoco  que chamamos de temperamento e singularidade. Ainda temos muito o que aprender sobre individualidade, sobre a perenidade da existência. Necessitamos , ainda, de uma pedagogia da nadificação.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

MATURIDADE

Chega um tempo
em que tanto faz
viver ou morrer.
Sonhar, querer,
ser feliz ou não.
Aprendemos a aceitar
o impossível,
o limite do horizonte
e os hiatos da vontade.
Abrimos mão da mais simples
e elementar

fantasia de felicidade.