terça-feira, 29 de novembro de 2016

MISÉRIA EXISTENCIAL


Perdi tudo que tinha.
Sobrou apenas a incerteza
 E esta absurda insegurança
Que me cala.

Não mais duvido.
Simplesmente não sei
E nada mais faz qualquer sentido.

A existência é isso:
Um desatino, um susto
E um equívoco.

Tudo que faço

Acabará em silencio e
Esquecimento

A INSIGNIFICÂNCIA DE VIVER

Sobreviver a um acidente grave ou recuperar-se de uma enfermidade seria da  sensação de que a vida começou de novo. Mas superado o susto  continuamos a leva-la da mesma maneira de sempre. Os mesmos fardos, impasses, inercias e silêncios. Adiar a morte ou quase morrer  não muda nada. Tudo que interessa é estar vivo ou não estar vivo.

Por isso vos digo em versos:

Vivemos de inercias...
Temos a determinação de uma pedra.
Mas por maior que seja uma existência,
Ela não passa de um instante.
Não é nada demais.
Não se faz suficiente
Para a plena realização de qualquer coisa.
A vida humana é mais breve

Do que uma noite de sonho.

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

A MORTE DO OUTRO

A comoção que a morte de um ente querido nos desperta é de certa forma uma espécie de susto com a instabilidade e precariedade da existência de um modo geral. Não se trata apenas da experiência de uma perda afetiva. É também um confronto indireto com nossa própria mortalidade.

O fim de um organismo vivo põem em duvida a própria vida, seja em sua dimensão biológica, social ou simplesmente existencial. Diante do não sentido  do morrer do outro o que podemos esperar do nosso próprio existir?


O fim é sempre um silêncio onde a memoria é o único e abstrato resquício de uma vida inteira.

SEM SENTIDO

Aleatoriamente vago pelas ruas
Do mesmo modo indiferente
Com que tenho levado a vida.
Sei que qualquer dia  tudo terminará para mim
Enquanto o mundo vai continuar por ai
Indiferente aos meus sobreviventes.
Sigo em cada momento que desaba

Serenamente em direção ao nada.

sábado, 26 de novembro de 2016

VIVER NÃO FAZ DIFERENÇA

Uma estranha forma de ausência...
Esta é a mais perfeita definição de existência.
Ser é também o não ser,
enquanto o tempo passa
através da gente.
Passeamos pelo vazio da vida
apenas por um descuido do silêncio.
Viver não faz diferença.
Dancemos o nada de nossas vidas.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

DECADÊNCIA

Existem estados de vida próximos ao zero da existência. Basta visitar hospitais e asilos para descobrir um pouco mais sobre o assunto.  Enfermidades e idade avançada revelam o lado sombrio da existência. Embora cultivemos com tamanho afinco nossos narcisismos não passamos de animais frágeis e limitados, sujeitos as mais variadas possibilidades de desconforto e deterioração. O corpo é o limite de nossa vaidade quando o consideramos além da futilidade das aparências.


Não importa os dias de gloria, sempre nos deparamos com as horas intermináveis da decadência e do fim inevitável.

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

AINDA NÃO ERA A MORTE

Ainda não era a morte.
Tudo não passou de um susto.
Por inercia você retorna a rotina
Sem saber ainda o que fazer da vida.

Ainda não era a morte
 Contra mim se voltava o dia seguinte,
O equivoco seguinte
E aquela eterna falta de conclusão.


Só me restava morrer em minha imaginação...

terça-feira, 22 de novembro de 2016

OS SINOS DA VELHA TORRE

Não se incomodem com os sinos da velha  torre.
Deixem que toquem contra a cidade.
É própria do passado assombrar o agora
Apontando o vazio de nossas vidas.
Continuem fazendo as tolices de sempre.
Brinquem sobre os telhados dos seus egos
E façam de conta que o céu é azul.
Esqueçam o passado.

É o futuro quem irá destruí-los.

BANALIDADE

Neste exato instante
Alguém que eu nunca conheci
Está morrendo.
É estranho pensar sobre isso...
Afinal, como é banal morrer.
Acontece o tempo todo.
De repente tenho plena consciência disso.
A morte é tão banal quanto à vida.
Mas não vale a pena se importar com isso.
De repente você morre e pronto.
Tudo acaba para você

E não faz diferença quem você foi um dia.

domingo, 20 de novembro de 2016

CONTRA A HIPÓTESE DE VIDA ETERNA

O Cristianismo não afirma a vida, mas a recusa com veemência  em sua dimensão mais concreta. Procura substitui-la pelo ideal abstrato de um existir perfeito projetado no além. Isto torna o Cristianismo  anti-natural e niilista em um sentido negativo. É contra o absurdo de uma alma imortal e de uma vida eterna que se levantaram nos últimos três séculos, todos os indivíduos lúcidos que reconhecem o primado da imanência e da finitude sobre a condição humana. 

O que torna para nos a existência digna de valor é justamente  sua insignificância. Temos muito pouco tempo para existir até as últimas consequências de nós mesmos....

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

ENFERMIDADE

Nesta noite,
um pouco de enfermidade
me fez refém do mais provisório
da existência,
dos limites dos meus atos
e do ridículo da sobrevivência.

A inexistência é nossa fatal vocação
contra nossas inercias existenciais. 




domingo, 13 de novembro de 2016

VIDA EM DESCONSTRUÇÃO

É irônico como algumas coisas que já foram muito importantes vão se tornando insignificantes; até  seu banal desaparecimento... Na verdade nada que existe é muito relevante nos labirintos do tempo e do espaço. A  vida segue sem rumo e aos poucos vai superando tudo. Principalmente a própria vida. Não se deve dar mais valor as coisas do que o abstrato do devir que as define.
A vida é uma desconstrução permanente de todas as ilusão de Ser.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

LEMBRANÇAS

Ninguém mais se lembra desta rua
como eu.
Aqueles que o podiam
estão todos mortos.
Apenas eu ainda guardo a memória
dos acontecimentos e dos bons velhos tempos
que não deixaram vestígios
no rosto gasto de cada casa.
Tudo está diferente.
Nem mesmo parece a mesma rua.
Também não sou mais
aquele que costumava ser
e quase duvido dos registros vivos
em minha memória.
Existir é por demais incerto
quando consideramos o tempo.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

FIM DE TARDE

Tamanha é a banalidade do futuro
que pouco me importa o acontecer presente.
Basta seguir em frente em meio a estupidez
do dia a dia.
O amanhã é uma promessa vazia .
Apenas  temos ainda algum tempo
antes do anoitecer.
Vamos aproveitar a tarde.
Ela é tudo que nos restou.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

MORRER DORMINDO

Gostaria de morrer sonhando
Depois de um dia qualquer
Sem grandes novidades.
Queria apenas não acordar de novo
Sem qualquer consciência do fim,
Sem saber o tempo fugir de mim

E o definitivo silêncio dos meus atos.

BALA PERDIDA

Não era para eu estar aqui.
Nada deveria ter acontecido.
Mas, de repente, começaram os gritos,
A correria e o som de tiros.
Apenas senti o sangue e cai.
Perplexo,
Não pensava em nada.
Provei o medo de virar noticia,

De  me tornar mais um numero em alguma estatística.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

MORTE E MUDANÇA

As  pessoas não mudam.
Mas sempre estão criando
Justificativas novas para erros antigos,
Insistindo nos mesmos limites,
Nos mesmos equívocos
Até  que a existência nos extíngua.
Deve ser por isso que morremos.
Para que a mudança  aconteça

E a existência siga.

PONTO DE VISTA

A vida não é a mesma para todo mundo.
Alguns se relacionam de modo mais intenso
Com as misérias cotidianas
Enquanto outros, contrariando as dificuldades,
Inventam sorrisos em todas as situações.
Não porque são mais felizes,
Simplesmente porque sabem
Que nada é para sempre.

Não veem importância em qualquer coisa.

PENSAR NA MORTE

A ideia de morte é um horizonte filosófico que nos permite redimensionar as preocupações e metas cotidianas. Entenda-se aqui a preocupação filosófica com a morte como a produção de uma consciência da própria finitude e perenidade das coisas e situações.

O modo como pensamos e vivemos a morte diz muito sobre o nosso modo de existir e se posicionar diante da realidade. Pensar a morte não é um capricho ou um  diletantismo, mas uma estratégia filosófico/existencial e de construção de subjetividades des objetivadas.


ANOS DE JUVENTUDE

Quando eu era apenas um jovem
a vida parecia certa, fácil e segura.
A rotina era cheia de novidades
E o amanhã não passava de uma terra distante,
quase inatingível.

Mas tamanha simplicidade das coisas
existia em mim 
e não na vida.
A juventude me garantia
uma saúde perfeita.



FINADOS

O vazio e o silêncio do dia de finados
Tem o tamanho de minha nostalgia,
Da absurda necessidade de estar de novo
Entre os meus mortos
Nas urgências dos meus passados.
Ter de volta a casa antiga
E o velho cotidiano,
Ser novamente jovem e pertencer inteiramente a vida
Entre aqueles que tanto amei,
Mesmo sem saber o quanto.
Como pesa o passado neste dia
E tudo que é de agora e hoje
Parece sem sentido.


terça-feira, 1 de novembro de 2016

ADEUS

A última vez em que nos vimos
Nada teve de especial.
Não passou de um encontro banal.
Mas foi a ultima vez em que nos vimos.
Nunca mais...
Sinto sua falta.
Mas o tempo não volta.

É tarde demais...