quinta-feira, 11 de maio de 2017

SOBRE A VIDA, A MORTE E A VIRTUDE DA INEXISTÊNCIA


Questiono se vida e morte formam de fato um par de opostos complementares tal como estabelecido  pelas codificações simbólicas da maioria das culturas. Afinal, uma pedra, por exemplo, não está viva   ou morta. Também não há  paralelismo possível entre a vida de um organismo unicelular e a vida de um organismo humano. Nos dois casos vida se refere a coisas definitivamente muito diferentes. Mas o conceito de morte se aplica sem qualquer contradição a ambos os casos.

Vida e morte são, portanto, conceitos abstratos para definir a matéria orgânica e seus estados. Morte é, em linhas gerais, mera ausência de vida, não apresentando um conteúdo próprio e independente em sua definição. Pode-se, portanto, dizer que é sempre da vida que nos ocupamos, mesmo quando falamos da morte.

Mas quando vinculamos a ideia de morte a de inexistência e nada, ampliamos seus significados e invertemos a relação entre os dois conceitos.  A vida é perene e frágil, enquanto o não existir uma constância quase absoluta que limita tudo aquilo que é. Quando falamos de vida e de morte nos referimos na verdade a Ser e Não Ser. Atribuir valor a um  estado em detrimento do outro é uma questão absolutamente irracional e subjetiva. Afinal, podemos tomar a vida como o inferno dos não nascidos. Mesmo que eles nunca possam saber disso.

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