Questiono se vida e morte formam
de fato um par de opostos complementares tal como estabelecido pelas codificações simbólicas da maioria das
culturas. Afinal, uma pedra, por exemplo, não está viva ou morta. Também não há paralelismo possível entre a vida de um
organismo unicelular e a vida de um organismo humano. Nos dois casos vida se
refere a coisas definitivamente muito diferentes. Mas o conceito de morte se
aplica sem qualquer contradição a ambos os casos.
Vida e morte são, portanto,
conceitos abstratos para definir a matéria orgânica e seus estados. Morte é, em
linhas gerais, mera ausência de vida, não apresentando um conteúdo próprio e independente
em sua definição. Pode-se, portanto, dizer que é sempre da vida que nos
ocupamos, mesmo quando falamos da morte.
Mas quando vinculamos a ideia de
morte a de inexistência e nada, ampliamos seus significados e invertemos a
relação entre os dois conceitos. A vida
é perene e frágil, enquanto o não existir uma constância quase absoluta que
limita tudo aquilo que é. Quando falamos de vida e de morte nos referimos na
verdade a Ser e Não Ser. Atribuir valor a um estado em detrimento do outro é uma questão
absolutamente irracional e subjetiva. Afinal, podemos tomar a vida como o
inferno dos não nascidos. Mesmo que eles nunca possam saber disso.
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