quarta-feira, 25 de abril de 2018

FILOSOFIA DO NÃO SER


A não existência é algo absurdamente relativo. Neste momento no qual me perco em pequenos afazeres cotidianos, a absoluta maioria das pessoas no mundo não sabe que eu existo. Mas o conhecimento da minha existência  não faria qualquer diferença. Cultivamos impressões e afetos apenas daqueles que nos são próximos. Nada mais natural.

Mas o que há de irônico nesta consideração pueril é perceber o quanto não faz qualquer diferença ao mundo se estou vivo ou morto. Do ponto de vista coletivo, minha existência não é pertinente pela sua singularidade, mas por ser um simples apêndice do devir humano, por representar a espécie, o genérico.

 Por outro lado, é justamente por ser insignificante e frágil que minha existência tem um valor subjetivo para mim. Tudo que sou é esta precariedade, esta incerteza que contradiz a vida como um valor ou um acontecimento universal.

É o insignificante que se faz para mim significativo contra a abstração do gênero humano como um acontecimento externo, embora pertinente e definidor da minha insignificância. Para os outros não passo de um quase não existente, meu existir é insignificante e virtual.  Mas é preciso fazer apologia a pequena tolice que é cada um de nós como individuo singular, pois é através de nós que o significante pode ser ridicularizado e perder seu poder de atração.


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