A não existência
é algo absurdamente relativo. Neste momento no qual me perco em pequenos
afazeres cotidianos, a absoluta maioria das pessoas no mundo não sabe que eu
existo. Mas o conhecimento da minha existência não faria qualquer diferença. Cultivamos
impressões e afetos apenas daqueles que nos são próximos. Nada mais natural.
Mas o que há de
irônico nesta consideração pueril é perceber o quanto não faz qualquer
diferença ao mundo se estou vivo ou morto. Do ponto de vista coletivo, minha
existência não é pertinente pela sua singularidade, mas por ser um simples
apêndice do devir humano, por representar a espécie, o genérico.
Por outro lado, é justamente por ser
insignificante e frágil que minha existência tem um valor subjetivo para mim.
Tudo que sou é esta precariedade, esta incerteza que contradiz a vida como um
valor ou um acontecimento universal.
É o
insignificante que se faz para mim significativo contra a abstração do gênero
humano como um acontecimento externo, embora pertinente e definidor da minha
insignificância. Para os outros não passo de um quase não existente, meu
existir é insignificante e virtual. Mas é
preciso fazer apologia a pequena tolice que é cada um de nós como individuo
singular, pois é através de nós que o significante pode ser ridicularizado e
perder seu poder de atração.
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